Quebra Cabeça.
O sol apareceu com tudo que tinha direito: Guaratuba terá uma temperatura prevista de trinta e quatro graus, própria para assar qualquer banhista incrédulo. Prefiro sombra e água fresca. Mas como praia é praia, cada um passa o tempo da maneira que quiser. Gosto não se discute.
E nesse tema minha sobrinha Patrícia é fora de série. Ela reside em São Paulo e trouxe na bagagem para temporada de praia um típico quebra-cabeça, com duas mil peças para montar, da marca “Game Office”. Trata-se da figura do Mapa Mundi do Século XVII, em que cada peça diminuta, feita de material especial, tem encaixe preciso.
Distração que foge totalmente do meu cotidiano, pois para matar o tempo me envolvo sempre com “Palavras Cruzadas”. Mas quando ela abriu a caixa das pecinhas fui o primeiro a compartilhar de sua euforia, me propus a ser seu partner. Meu entusiasmo não levou nem cinco minutos; a montagem exige experiência quase profissional.
A formatação do mapa está no final e eu não consegui colocar uma única peça! Valha-me, Deus! Uma tortura pegar uma peça pensando que vai dar para encaixar e logo vem à frustração; parece que nada encaixa com nada. Para ela, no entanto, é como fazer deliciosos “Bem Casados”, da qual ela é exímia especialista.
Desisti da empreitada e voltei para a tradicional varanda da casa, aonde curto mil maneiras para me distrair. Sentei para terminar de ler “O Voo da Vespa” (Hornet Flight) de Ken Follet, Editora Arqueiro, que é leitura obrigatória para quem gosta de suspense.
O autor retrata com fidelidade a ocupação nazista na Dinamarca (1.941) e a trama para descobrir o radar estrategicamente montado para acompanhar o voo dos bombardeiros ingleses em direção à Berlim. Faltam ler apenas quinze páginas para terminar o livro.
E nem tive tempo para abri-lo, pois o vizinho da casa da frente me viu e veio conversar. Gosto dele porque tem uma conversa muito agradável.
Ele é dentista, mora em Castro, filho de uma família tradicional daquela terra.
- E o relógio do campanário da Igreja de Castro? - Perguntei, pois depois do pai dele é ele o encarregado de manter aquela peça antiga funcionando.
- Antes de vir a praia, fiz a devida manutenção...
E a conversa fluiu por um bom tempo. Falamos de tudo um pouco; jogamos “muita conversa fora”, mas valeu a pena. Só paramos de conversar quando uma das suas filhas lhe chamou, fiquei sozinho com meu livro.
O calor derreteu minha vontade de terminar a sua leitura, logo o epílogo. Vou reservar estas últimas páginas para ler no ar condicionado. Tudo para entrar no clima do livro, pois estava começando o inverno na Dinamarca...
“Lazer é uma ociosidade obrigatória para qualquer ser humano. Deixar de lado a faina profissional, os problemas do cotidiano, para buscar algum tempo para se distrair e oxigenar é dar asas à imaginação. E não é privilégio de ninguém!”
Edson Vidal Pinto