Quem quer Domar a o Dragão?
É sabido que a caserna forja homens com temperamento forte para que eles possam ter voz de comando. E para capitanear jovens de temperamento impetuoso o líder tem que impor disciplina, para não ser contestado. No âmbito de uma carreira hierarquizada -como a militar - quem lidera não pode demonstrar fraqueza, salvo que não queira ser respeitado. E isto não passa na cabeça de nenhum cadete da Academia Militar.
Portanto: situação inimaginável. Notório contraste com o mundo civil-, onde os indivíduos se ajustam as circunstâncias de cada carreira e nem sempre estão aptos ou dispostos a chefiar.
Pois quando tentam se impuser aos gritos, são ridicularizados; levantando a voz, são ignorados; e se nada fizerem, são idolatrados. Imagine-se um civil, sem treino e nem adaptação para a vida militar, “nomeado” para comandar um batalhão. Seria um disparate e motivo de debochadas gargalhadas. Pois, bem: agora vamos supor o inverso: um militar eleito para chefiar um mundaréu de civis.
Choques, atritos, ofensas, brigas e insatisfações. Não apenas para o detentor da chefia, mas, principalmente, para seus subordinados. E Parece que isto está ocorrendo com o Bolsonaro.
Só ele quer mandar e ninguém tem o direito de contestar; daí, diariamente, as estrepolias que abalam o governo e intranquilizam o país. Ele quer por que quer impor o filho como embaixador nos Estados Unidos. Pretensão que não tem nada de mais, porque a carreira é política e não privativa para concursados do Instituto Rio Branco ; e tanto é verdade que ao longo da história da República muitos políticos e intelectuais foram nomeados para representar o Brasil no exterior.
Só que ele se esqueceu de combinar com os senadores que tem o direito constitucional de aprovar ou não a indicação para o posto. Outra bola fora foi brigar ostensivamente com a Imprensa marrom; ótimo, tudo bem. Mas poderia ter mantido os bons modos e ignorado as provocações. Os jornalistas ficariam sem dormir. Mesmo assim persiste num erro elementar. Outra burrada que só dá pólvora para os adversários: romper com os aliados tradicionais e mais próximos.
É uma prática perigosa porque o melhor amigo de hoje será no futuro o pior e mais odiento inimigo. Tentou inúmeras vezes com palavras dúbias desgastar o Moro, um ótimo servidor público, mas recuou a tempo.
Ele não é e nem quer ser uma sombra capaz de lhe arrebatar a presidência, pois sua intenção desde o primeiro momento é ser ungido para um cobiçado cargo no STF. Isto está claro como a luz do dia. Só não enxerga quem não quer ver. Outra briga sem nexo foi com o socialista Macron, um fracote que está prestes a ser defenestrado da presidência da França e sabidamente casado com uma mulher rica mas sem graça. Deu palanque para o detrator e por falar a verdade sobre a beleza carcomida da consorte, despertou a ira das feministas. Só perdeu pontos.
E a Amazônia está no mesmo lugar e enfrenta a desgraça dos mesmos predadores. Até o pequeno Doria tem alegado aos quatro ventos que nunca foi bolsonarista, o mesmo tem dito a Joyce, o deputado de filmes pornográficos e o Datena.
Amnésia geral. Parece até que o Presidente ficou sendo aquela mosca de cavalo, que irrita quando está perto, por isto todos querem ficar distante. Só as manchas de petróleo bruto que estão vindos pelo mar é que querem ficar perto. É muito lamentável.
Será que nenhum general - dentre tantos que estão em cargos políticos no governo - não tem coragem de peitar o capitão a fim de moderar seus arroubos inoportunos para o Estado brasileiro? Se continuar assim apenas o dever de honestidade não basta para reordenar os rumos do Brasil; é preciso que o Presidente abra os olhos e cale a boca, até por que boca aberta só entra mosca.
Na vida civil o chefe tem que mandar fazer tudo à surdina para colher os melhores resultados. Esta é a fórmula para o momento em que nos encontramos. Só falta achar um domador para domesticar a fera que a solta em Brasília. O Alguém se habilita?
“Presidente tosco será sempre tosco até findar o mandato. Mas alguém com ascendência sobre ele poderá temperar melhor a sua impetuosidade. Não basta ser só honesto se não tiver melhor trato. Saber massagear egos permite governar sem fracassar. E para isto só falta um “São Jorge” para domar um “dragão “ de Brasília!”
Edson Vidal Pinto