Raio-X da Revolução.
É pena a primariedade com que se aprende a História Geral no Ensino Fundamental porque sempre ficamos sabendo dos fatos históricos de maneira incompleta. Um exemplo ? A revolução francesa. A ideia que temos é de que a monarquia absolutista do Rei Luís XVI desagradou tanto o povo que este não aguentando tanto as diferenças sociais marchou unido contra uma terrível prisão lotada de presos políticos, chamada de Bastilha, eclodindo a revolução que derrubou a monarquia francesa.
Pela singela narrativa a impressão que se tem é de que a revolução ocorreu num curto espaço de tempo, o que não é verdade. Não se faz revolução da noite para o dia porque é necessário plantar raizes de desmoralização da sociedade dominante para só então usar o povo como aríete de desordem e alavanca para a queda dos mandantes. Assim vejamos.
O episódio da queda da Bastilha aconteceu em 14 de julho de 1.789 e o Rei de França só foi deposto em 1.792 tendo sido guilhotinado no ano seguinte, ou seja o domínio da aristocrática de alguns séculos desmoronou em três anos contudo o período revolucionário perdurou até 1.799. Mas a semente da revolução foi plantada muito tempo antes por Voltaire (1.694/1.778) grande filósofo, escritor, dramaturgo e historiador iluminista francês, que nos seus escritos criticava com intenção de desmoralizar a Igreja Católica e por conseguinte o Clero por interferir politicamente no sistema político da França.
Também defendia as liberdades individuais, de expressão e tolerância se contrapondo a classe monárquica e ao próprio Rei. Isto colocava o povo de antena ligada e despertava má vontade contra a Monarquia. Valia-se da dramaturgia para zombar dos hábitos e costumes da época, pregava a liberalidade sexual e a decomposição da instituição familiar. Logo depois surgiu Jean-Jaques Russeau (1.712/1.778) outro filósofo do Iluminismo e precursor do romantismo, que ensinava a virtude da resignação, do perdão e da tolerância para minar a posição dominante da monarquia que não admitia dividir as regalias com ninguém, só com os integrantes do Clero.
Russeau pregava a ideia de um novo Estado denominado natureza -, onde não havia nenhum tipo de intervenção, moral, absoluta ou social. Referidos pensadores com suas ideias influenciaram decisivamente a revolução francesa. Mas foi a burguesia (não o povo) que fomentou o ardor da mudança porque eram obrigados a pagar tributos, enquanto os aristocratas e o Clero eram isentos; ademais queriam desenvolver indústrias e acabar com a barreira que restringia o comércio internacional. Propugnavam pelo liberalismo econômico. Tudo o que a grande maioria da monarquia não concordava.
E os dissidentes aliaram-se a burguesia e juntos inflamaram o povo contra o Rei, que acuado e ao invés de colocar seus soldados contra os insurretos convocou os Estados Gerais, uma Assembléia composta por segmentos da sociedade francesa : 1o. estado: o Clero; 2o. Estado: a monarquia; e 3o. Estado: todos que não pertenciam aos estados anteriores.
Como os terceiros integrantes eram maioria propuseram votações individuais e não por estado, havendo resistência, aliaram-se com aristocratas dissidentes e declaram-se legítimos representantes da Naçao, formando a Assembleia Nacional Constituinte e jurando permanecer unidos até que ficasse pronta a Constituição. Foi então aprovada a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” que o Rei se recusou a assinar e só então foi deposto.
O Clero fugiu da França. Como visto nestas poucas pinceladas da História a revolução francesa não foi um fato social açodado pois foi articulada ao longo de muitos anos. Será que dá para perceber alguma similitude com o que está acontecendo no Brasil? A tentativa de implantar o socialismo e derrubar a República vem bem lá de trás desde o governo FHC, passou por dois outros do PT, períodos em que os usos e costumes foram afrouxados, ocorreu a licenciosidade sexual, a Igreja perdeu a voz e ocorreu o aparelhamento do Estado com militantes em todos os setores importantes do alicerce democrático: a Justica, o MP e as Forças Armadas.
A revolução brasileira terá como Bastilha as urnas eletrônicas e o resultado das eleições. Este o desenho possível de fazer no atual momento político do país. Lembrando que a História nada mais é de a sucessão de fatos -, basta pinçar e unir ponto por ponto para ter um panorama do que poderá acontecer, se os eleitores não tiverem consciência do peso de seus votos …
“Para derrubar o regime político de um Estado inicia com manobras de dilapidação dos alicerces que sustentam a sociedade: falências da religião, da ética, da moral e dos costumes. Daí o aparelhamento
das Instituições com militantes em postos chaves. O povo é massa de manobra e quando não sabe votar dá poder ao próprio algoz”.
Édson Vidal Pinto