Raio X do Governo federal
Sei que é um dia de descanso e por isso apropriado para ler assunto mais alegre a fim de não trazer mais preocupações, porém deixo de lado a amenidade para trazer uma pintadela indigesta de política. Afinal esta é uma arte com a qual lidamos e driblamos todos os dias. E falar em política exige que falemos de políticos, indivíduos nem sempre bem-visto e quase sempre procurado quando aparecem em alguma reunião social. É um paradoxo, mas uma verdade.
E o mais interessante é de quanto mais pilantra, vulgar e safado for o político ele sempre tem atrás de si uma legião enorme de eleitores, é por isso que se elege para qualquer cargo e se reelege quantas vezes quiser. Salvo àqueles que tanto “aprontaram” que acabaram sendo soterrados pelas toneladas de tolices que fizeram. No Paraná o exemplo mais clássico está na Maria Louca. A bem da verdade mereceria um estudo paleontológico a parte. Apenas referi seu nome de “guerra” mas não é dele que vou arriscar traçar um perfil, mas, sim, do Presidente Bolsonaro.
Não é novidade para ninguém que ele se elegeu num momento crítico para a democracia brasileira, graças a reação dos eleitores que no pleito defenestraram o Lulapetismo e a caterva esquerdista, tendo por consequência a vantagem de liderar uma Nação sem se atrelar a politiqueiros e nem partidos de ocasião. E no começo de sua gestão montou a equipe de governo de acordo com o seu modelo militar, cercando-se na grande maioria de seus colegas de farda. Foi o descortinar de esperança de dias melhores.
Porém começou a falar demais e mimar seus filhos -, estes envolvidos em episódios nebulosos e ainda não bem resolvidos com a Justiça. Logo depois sentiu que era um Presidente sem governabilidade porque lhe faltava o apoio político para poder aprovar Projetos de Lei que permitissem gerenciar o país. Este é o modelo Republicano em que os Poderes são independentes, porém harmônicos, mas só no papel. Na prática o Executivo só tem êxito se estiver “alinhado” com o Legislativo, uma espécie de “amor bandido”.
Neste hiato que precedeu a compreensão de que dita aliança era a salvação da governabilidade, o Poder Judiciário tirou suas manguinhas de fora e passou não só a legislar como também ditatorialmente ditar os rumos do país. E o Presidente sem outra opção caiu nos braços do “Centrão” - uma sociedade de congressistas desalinhados com a Lei - e por conseguinte engoliu como líder do seu governo na Câmara Federal o pior de todos os deputados, que sem amor-próprio tem servido todos os governos não importando a ideologia e nem os propósitos.
É claro que o Governo Bolsonaro não é o mesmo que foi e nem tem todo o eleitorado que teve. Mas continua apesar dos pesares com a varinha mágica nas mãos, aquela que lhe dá a sorte nas eleições. Por quê? Porque no último pleito o eleitorado esclarecido espancou de vez a ameaça esquerdista de tomar o Poder, acreditando na democracia como o melhor sistema para se viver.
E mais : não surgiu nenhuma nome de político digno e honrado para fazer sombra ao Presidente, que continua merecendo créditos por não roubar e não deixar ninguém de sua equipe roubar. Eis um ponto positivo de sua biografia. E pelo andar da carruagem se no próximo pleito os adversários forem os mesmos e velhos picaretas da surrada política, o eleitor que pensa só terá uma única opção para dar seu voto. Adivinhou para quem? Esta é a ciranda da vida, agora com menos surpresa e sobressaltos ...
“Na vida pública o político tem que ter sorte e não ter sombra para continuar vitorioso nas urnas. A biografia nem sempre é das melhores, porque tem eleitores que não valorizam seus votos. É como na vida : sempre tem bobo para estragar a festa !”
Edson Vidal Pinto
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