Rua José de Alencar
Hoje, 16 de outubro de 2.017, segunda feira.
Lá vou eu novamente pinçar no baú de minhas recordações, um personagem de minha infância que nunca esqueci. Na antiga revista “O Cruzeiro” de Assis Chateaubriand, em cada edição tinha uma página inteira que levava o título de “Meu Personagem Favorito”, onde o articulista contava história pitoresca de alguém muito importante na época. Em cada nova publicação aparecia um nome diferente. Desde já me penitencio por não lembrar o nome do jornalista responsável.
É a memória que implacavelmente me trai. Mas foi pensando naquelas reportagens que eu vou contar sobre meu amigo Odilon, não porque ele fosse alguém importante, mas para lembrar-se de suas aventuras dignas de notas. Além de estudarmos na mesma sala no Grupo Escolar Alba Guimarães Plaisant, anexo ao Instituto de Educação do Paraná (aquela construção esquecida pelo Governo do Estado e localizada na Rua Emiliano Perneta), nós também éramos vizinhos, pois morávamos na mesma Rua José de Alencar, três quadras da Rua Itupava.
A casa construída pelo meu pai dava de frente com um Clube Recreativo do bairro onde eram realizados bailes e reunia os sócios nos tradicionais jogos de truque, boliche e eventuais bingos. E ao lado deste residia à família do Nho Belarmino e Nha Gabriela, um casal que fazia grande sucesso na rádio e nos lugares em que se apresentavam.
O filho deles, apelidado de Tuíto, também era meu amigo. Mas o amigo desta história morava três quadras adiante, indo em direção ao bairro do Cabral. Quando eu fiz oito anos de idade, ganhei de presente do Odilon, embrulhado em uma caixa de papel de seda, um lápis de propaganda dos “Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul”. Estes lápis era moda e dado gratuitamente no comércio em geral. Pois é, eu ganhei um deles de presente! Este era o Odilon.
E quando iniciou a campanha política para Prefeito de Curitiba, lembro que um dos candidatos se chamava Júlio Rocha Xavier. Houve um encontro político no clube do bairro, com o comparecimento maciço de público, inclusive porque se apresentou à dupla Belarmino & Gabriela, com discursos inflamados de vários políticos. Na ocasião foi promovido um concurso de cantores para saber quem cantaria melhor a marchinha que levava o nome do candidato. O prêmio era em dinheiro e o vencedor seria quem fosse mais aplaudido entre os presentes.
O Odilon foi um dos concorrentes. Comunicativo como ele só, convenceu muitos marmanjos do bairro a aplaudi-lo, com a promessa de que dividiria com eles o valor do prêmio. No final do certame, talvez por ser a única criança, foi o vencedor! Entre gritos e aplausos o Odilon recebeu o dinheiro e evaporou. Ficou dias sem dar as caras na rua para não ser cobrado pelo prêmio recebido. Este é o meu amigo Odilon, não sabe se está vivo e muito menos sei onde mora, mas não consigo esquecer-se de suas façanhas...
“Na vida temos alguns “amigos “que não vale a pena ter conhecido. Outros que convivemos tão pouco, mas que nunca esquecemos. E felizmente, tem alguns que fazem parte da gente!”
Edson Vidal Pinto
Hoje, 16 de outubro de 2.017, segunda feira.
Lá vou eu novamente pinçar no baú de minhas recordações, um personagem de minha infância que nunca esqueci. Na antiga revista “O Cruzeiro” de Assis Chateaubriand, em cada edição tinha uma página inteira que levava o título de “Meu Personagem Favorito”, onde o articulista contava história pitoresca de alguém muito importante na época. Em cada nova publicação aparecia um nome diferente. Desde já me penitencio por não lembrar o nome do jornalista responsável.
É a memória que implacavelmente me trai. Mas foi pensando naquelas reportagens que eu vou contar sobre meu amigo Odilon, não porque ele fosse alguém importante, mas para lembrar-se de suas aventuras dignas de notas. Além de estudarmos na mesma sala no Grupo Escolar Alba Guimarães Plaisant, anexo ao Instituto de Educação do Paraná (aquela construção esquecida pelo Governo do Estado e localizada na Rua Emiliano Perneta), nós também éramos vizinhos, pois morávamos na mesma Rua José de Alencar, três quadras da Rua Itupava.
A casa construída pelo meu pai dava de frente com um Clube Recreativo do bairro onde eram realizados bailes e reunia os sócios nos tradicionais jogos de truque, boliche e eventuais bingos. E ao lado deste residia à família do Nho Belarmino e Nha Gabriela, um casal que fazia grande sucesso na rádio e nos lugares em que se apresentavam.
O filho deles, apelidado de Tuíto, também era meu amigo. Mas o amigo desta história morava três quadras adiante, indo em direção ao bairro do Cabral. Quando eu fiz oito anos de idade, ganhei de presente do Odilon, embrulhado em uma caixa de papel de seda, um lápis de propaganda dos “Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul”. Estes lápis era moda e dado gratuitamente no comércio em geral. Pois é, eu ganhei um deles de presente! Este era o Odilon.
E quando iniciou a campanha política para Prefeito de Curitiba, lembro que um dos candidatos se chamava Júlio Rocha Xavier. Houve um encontro político no clube do bairro, com o comparecimento maciço de público, inclusive porque se apresentou à dupla Belarmino & Gabriela, com discursos inflamados de vários políticos. Na ocasião foi promovido um concurso de cantores para saber quem cantaria melhor a marchinha que levava o nome do candidato. O prêmio era em dinheiro e o vencedor seria quem fosse mais aplaudido entre os presentes.
O Odilon foi um dos concorrentes. Comunicativo como ele só, convenceu muitos marmanjos do bairro a aplaudi-lo, com a promessa de que dividiria com eles o valor do prêmio. No final do certame, talvez por ser a única criança, foi o vencedor! Entre gritos e aplausos o Odilon recebeu o dinheiro e evaporou. Ficou dias sem dar as caras na rua para não ser cobrado pelo prêmio recebido. Este é o meu amigo Odilon, não sabe se está vivo e muito menos sei onde mora, mas não consigo esquecer-se de suas
façanhas...
“ Na vida temos alguns “amigos “que não vale a pena ter conhecido. Outros que convivemos tão pouco, mas que nunca esquecemos. E felizmente, tem alguns que fazem parte da gente!”
Edson Vidal Pinto