Saber Quando Parar
Dentre as lições do Livro Sagrado tem uma delas que diz, em rápidas linhas, existir tempo para tudo na vida: tempo para remover a terra, tempo de semear, tempo de regar, tempo de colher e tempo de parar.
Deus quando criou os seres humanos deu para cada um o discernimento que propicia escolher o que fazer na vida por vontade própria. Ninguém é obrigado a aceitar o que não quer ou que seja contrário à lei. Na vida pública quando o indivíduo está em um posto de destaque via de regra perde a oportunidade de parar quando começa o declínio natural de ordem física, mental ou porquê sente que esgotou seu potencial de utilidade. Mesmo admitindo estes desgastes teima em continuar no cargo por vontade própria ou por interesse dos familiares.
Afinal ninguém que assim pensa quer perder a atenção própria que as autoridades têm no exercício do cargo e nem as facilidades de só quem está no poder pode usufruir. Mas seja por este ou aquele motivo surge uma outra causa - o abalo moral - quando acontece dá maior motivo para a pessoa parar e se desapegar do cargo que ocupa, porquê quando a autoridade perde o respeito moral e passa a ser motivo de chacota compromete a honorabilidade do cargo pelo qual foi nomeado.
E isto infelizmente está ocorrendo com os atuais ocupantes do STF. Muitos deles esqueceram do momento de parar, descer do cavalo encilhado, colocar os pés no chão e voltar a ficar de chinelos e roupão dentro de casa. Tudo para não continuar denegrindo a história do Judiciário brasileiro.
Alinho esta verdade por ser pública e notória as imagens que de quando em quando são veiculadas na mídia eletrônica onde aparecem alguns ministros sendo publicamente criticados nos diversos ambientes que frequentam, não só no país como fora dele.
Lembro ter visto uma postagem no Facebook em que aparece o Lewandowisk sentado na primeira poltrona de um avião de carreira e de repente um passageiro, também sentado numa das primeiras poltronas, levanta e fala para todos os demais presentes ouvirem que a bordo está um ministro do STF que depõe contra o bom senso da Justiça e despejou uma ladainha de censuras contra referida “autoridade”. Este com a soberba que lhe é peculiar e acuado pelo que ouvira, balbuciou para o difamante :
- Pare! Você não quer ser preso pela Polícia Federal e retirado do avião? Quer ?
E o homem que o tripudiava aproveitou para dizer mais alto e em bom tom que o ministro estava lhe ameaçando de prisão por saber que estava dizendo a verdade mas que ele não admitia as besteiras que estava fazendo dentro e fora do Tribunal. Cena patética que antes dos governos petistas nenhum outro membro do STF tivera o desprazer de protagonizar.
O Lewandowisk foi aquele que, entre outras decisões, presidiu o Impeachment da Dilma e concedeu a ela como prêmio de consolação o absurdo de lhe permitir ficar no gozo dos direitos políticos. Uma heresia jurídica. Teve um outro vídeo mostrando o Gilmar vestido de bermuda e camiseta passeando em uma rua de Lisboa, quando um transeunte brasileiro começou a lhe dirigir palavras de censura e ele sem jeito continuou caminhando como se nada estivesse acontecendo. Outra cena patética para um homem publico.
E mais recentemente o ministro Barroso passou apuros quando proferiu palestras em duas ocasiões e foi chamado de mentiroso por pessoas das plateias; uma das cenas ocorreu na vetusta Universidade de Oxford, Inglaterra, e anteontem em um evento jurídico ocorrido no estado de Santa Catarina quando teve que deixar o recinto pela porta dos fundos, assim mesmo foi tripudiado por pessoas que o aguardavam do lado de fora do prédio. Cenas lamentáveis. Está na moda que autoridades fora de seus ninhos sofram publicamente censuras por seus atos e pronunciamentos, devendo-se incluir neste rol dentre outros não citados o próprio Luiz Ignácio, o candidato invisível e tido como eleito pelos institutos de pesquisas.
O povo brasileiro parece que não suporta mais e está no ponto de estourar com o balão. O homem publico tem que ter amor próprio e discernimento para parar e sair de cena no momento certo pois nada dura para sempre. No Paraná o Requião perdeu a oportunidade de se afastar da política e foi varrido pelas urnas, hoje poderia usufruir da riqueza que amealhou no poder e estar escrevendo sua biografia sem necessidade de se expor mais uma vez ao ridículo. E o Álvaro caminha a passos largos para o mesmo fim (se concorrer contra o indeciso Moro) por absoluta falta de bom senso.
Enfim, como o tempo passa rapidamente há um dinamismo em todos os estágios das atividades exercidas pelos indivíduos, engrenagem esta que impõe renovações e substituições. É um processo natural ditado pela sucessão das gerações -, principalmente na vida pública onde ninguém é insubstituível…
“Sair da vida pública com dignidade exige que o indivíduo saiba a hora de abdicar. Tudo tem seu tempo certo pois na vida ninguém fica para semente.”
Édson Vidal Pinto