Sai da Frente!
Curitiba é uma cidade modelo e serve de laboratório para o lançamento dos mais diversos produtos e shows artísticos. É dito que se derem bons resultados aqui, será sucesso no resto do país.
Por quê? Somos uma cidade que tem a mais antiga universidade do país e um povo ordeiro, comedido e responsável. Mas não no trânsito. O curitibano da gema quando põe a mão na direção de seu carro e pisa no acelerador, meu Deus, é um perigo em potencial.
Eu diria sem medo e nem exagero: uma bomba atômica humana. Mudamos de personalidade e entramos na arena de gladiadores; o motorista do carro alheio parece ser nosso adversário, não podemos lhe dar espaço, nem permitir sua ultrapassagem e muito menos que ele possa estar na nossa frente.
E ai se ele estiver na faixa da rua do nosso lado e ousar transpor a mesma para ficar na nossa linha de direção, não só buzinamos e piscamos a luz dos faróis dianteiros, como, também, procuramos demonstrar total desaprovação pela ousada manobra. E ato contínuo, tentamos ultrapassa-lo para que ele veja a nossa cara feia.
A neurastenia parece ser própria dos motoristas da Cidade Sorriso, pois não dividimos a rua em que o nosso veículo trafega, com ninguém. Parece que queremos impor a nossa vontade no tráfego e ao mesmo tempo sermos reconhecidos como o único e o mais importante de todos os demais motoristas. Sabe por quê? Porque teimamos em não aceitar a explosão demográfica que multiplicou em muito o número de habitantes e veículos automotores.
Nas vias públicas duelam as máquinas dirigidas por todos nós motoristas, sem dó e nem piedade. E os enxames de motocicletas? Estas parecem um bando de abelhas africanas, com seus zumbidos irritantes e seus pilotos sempre prontos a arriscar a própria vida para ganhar quireras de tempo. Junto com os caminhões, cada vez maiores, e camionetas que parecem dinossauros mecânicos, os espaços das ruas são disputados como verdadeiras rinhas de galos de briga.
Tudo gera a irritação dos condutores; principalmente quando alguém buzina atrás do nosso carro, porque perdemos segundos de tempo para engatar a marcha e colocá-lo em movimento. É bom nem acrescentar nesse novelo de emaranhado de veículos, as bicicletas; em menor número é verdade, mas já estão germinando em vários pontos de nossas vias públicas.
A cidade cresceu e ainda não nos demos conta que o tempo em que percorríamos determinada distância, aumentou. E com isto, sempre estamos atrasados para chegarmos ao nosso destino. E os nervos ficam a flor da pele. E um abalroamento de um veículo no outro, por mais insignificante que seja, pode ser um vulcão em erupção, de consequências imprevisíveis. De duas uma: ou a era dos “Jetsons” chega o mais rápido possível; ou seremos paulatinamente dizimados pela nossa própria condição de motoristas...
“A impaciência é um dos males do novo século. Dirigir em Curitiba é um desafio. A cidade cresceu e os veículos aumentaram de tamanho. Carros pequenos, motos e bicicletas são vírus, mas que também ocupam espaços. Nem Jó, aguenta mais!”
Édson Vidal Pinto