Saudades da Baiúca do Xiló.
Ontem, 25 de outubro de 2.017, quarta-feira.
Foi-se, infelizmente, a era do rádio. Com exceção de duas emissoras que fizeram do noticiário a sua grade de programação - a Bandnews e a CBN - todas as demais ou são de cunho religioso ou divulgadoras de musicas sertaneja ou estrangeira. Nada sobrou para quem gosta do bom gosto musical. As transmissões das partidas de futebol são narradas através de imagens da TV, com locutores limitados e de pouca inspiração; e a emissora oficial do Estado derrapa na mesmice.
Acabaram os ótimos locutores, os bons programas de auditório, as novelas e as belas e inesquecíveis seleções musicais. Até os programas policiais que preenchiam as manhãs deixaram de existir. O rádio já não sobrevive numa grande cidade, ele é mais ouvido nas localidades interioranas onde prevalecem os resquícios de um passado distante. A “Voz do Brasil” perdeu sua utilidade pública, pois não é imprescindível nem para informar os “navegantes” embarcados nos navios e lanchas que percorrem a costa brasileira.
Ah! Que saudades das novelas da B2, “O Direito de Nascer”, “Zingara” e tantas outras, que exigia dos sonoplastas toda a criatividade para produzir os sons que davam vida aos enredos. Na rádio oficial que ocupava o antigo prédio do Prado Velho, hoje campus da Puc, tinha o entusiasmo do saudoso Cavalcanti com o seu programa “A discoteca do Cavalcanti” e a voz empostada do Luiz Ernesto com o “Festival Phillips - grau dez em alta fidelidade”. E quem naquela época não ouvia na Rádio Independência o inesquecível William Sade com o “Cacharolete: o clube do rock”? E o noticiário da meia-noite da Rádio Guairacá, na voz inconfundível do Ivan Curi? E das disputadas audiências dos programas policiais ancorados por Artur de Souza, Algacir Túlio, Chaim, Cadeia e uma dezena de outros apresentadores? Na Rádio Marumbi sempre a voz incomparável de Reinholdo Cunha.
“E o Expresso das Quintas” do Mário Vendramel? Da “Baiúca do Xiló” não sobrou nada, nem estou lembrado do nome de seu apresentador. O rádio hoje é quase uma peça de museu porque a má programação das emissoras contribuiu para a sua aposentadoria. É pena, porque era um ótimo meio de comunicação para difundir cultura e boa diversão. Parece que falta arrojo e criatividade para tentar ressuscitar a rádio, pois uma programação mais eclética e dinâmica bem poderia conquistar novos e velhos ouvintes.
Eu, por exemplo, desde já sou todo ouvido...
“Os péssimos programadores das emissoras de rádios, que não pertencem aos donos dos céus, mataram o mais importante veículo de comunicação. Ouvintes não faltam, a criatividade é que sumiu!”
Edson Vidal Pinto