Se Ele Tiver Cabeça
Vou evitar de comentar sobre o STF para evitar ter úlcera de estômago, - pois cada dia surge um novo episódio de uma longa novela cujo enredo começou a ser escrito com as condenações do Luiz Ignácio, porém com um epílogo previsível que propiciou a anulação de suas condenações. Previsível? Sim, pois quem acompanhou as declarações de alguns ministros daquela Corte de Justiça nas entrevistas à imprensa, no Foro de São Paulo ou atentou para as entrelinhas dos votos proferidos em julgamentos da mesma Operação Lava Jato, com insinuações nada dignas a respeito das ações do então juiz Sérgio Moro bem como do Deltan e sua equipe nos aludidos processos, sabiam antecipadamente que a pizza estava prestes a sair do forno.
E o pizzaiolo Fachin recheou como pode a dita cuja para agradar quem o apadrinhou na sua almejada nomeação. Paro por aqui para não descumprir o que prometi no início desta minha crônica. Apenas abro um parêntese para dizer que tenho pena do Moro por ter sido um homem público que foi do céu ao inferno em curto espaço de tempo, gozou de um minuto de glória e está amargando o que jamais esperava que acontecesse: um futuro de incertezas. Pecou pela ânsia de acertar, mas foi traído pela inexperiência e no governo federal não soube disputar o jogo político. Mesmo assim tem seus méritos pela ousadia de ter enfrentado como juiz um esquema de corrupção de ramificações ideológicas além das fronteiras do país.
Será ainda julgado pela História. No entanto quero comentar sobre o outro lado da moeda que tem a cara do Luiz Ignácio, o homem que até aqui e graças a uma decisão individual deixou de ser inelegível. Nesta altura está radiante e ávido em querer dar entrevistas e voltar a ser paparicado pela grande mídia, pois de um político na rua da amargura voltou a desfilar com todo o seu bloco carnavalesco na Marquês do Sapucaí. Mas se tiver cabeça e dentro dela um pingo de juízo deveria apenas choramingar para o mundo ouvir que foi vítima de uma Justiça odiosa, combateu o bom combate e conseguiu voltar a ser elegível graças a Suprema Corte de seu amado Brasil.
E depois fomentar a eleição de alguém que possa derrotar o Capitão nas urnas, porém, jamais aceitar ser candidato à Presidente, quando muito um cargo de Senador por algum estado cujo governador simpatizante dê sustentação há sua vitória. Por que não ser candidato a Presidente? Para não ficar na vitrine e poder usufruir com calma o dinheiro que pulula no seu bolso, seguindo o exemplo de seu companheiro Sameck. É melhor gozar os prazeres da vida ao lado da mulher amada do que voltar ao centro do furacão do Poder e ter que arrumar a vida de seus puxas-saco.
E fazer como o Collor, Sarney, Renan, Maria Louca e outros endinheirados da política que sonham estar longe das notícias escandalosas e fingir que o passado não condena ninguém, quando se vive num país sem memória ...
“Se o Luiz Ignácio tiver um mínimo de bom senso deverá se aposentar com um cargo de Senador da República e deixar o circo pegar fogo. Viver tomando umas e outras e amando é bem melhor do que receber pedradas como Presidente. E com o risco de naufragar em águas turbulentas.”
Edson Vidal Pinto
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