Sérgio - No Campo da Política
Quando o Sérgio Moro foi convidado para ser Ministro da Justiça escrevi que ele não deveria aceitar pois ficando na Magistratura garantiria sua indicação ao STF, porém se pedisse demissão teria que percorrer caminho obscuro e incerto pois para quem nunca atuou em cargo comissionado poderia pecar pelo noviciado. E não deu outra e sua opção foi amarga, pois conviver no ambiente político sem se deixar levar pela sedução do poder, não é nada fácil para um neófito.
Ninguém de sã consciência pode negar o bom desempenho do então Juiz Moro um profissional respeitado, culto e de bons propósitos que no afã de querer ser um paladino da Justiça se deixou levar pela luz dos holofotes e homenagens recebidas no país e no exterior, em razão de seu trabalho. Faltou quem pudesse lhe aconselhar a ser mais reservado , bem como, o que poderia ou não fazer quando ainda era o centro das atenções por presidir processos de réus muito importantes e ardilosamente perigosos.
E numa decisão rápida apostou no tudo ou nada. Saiu mal do Governo atirando e cuspindo no prato que comeu. Poderia ter sido protocolar e se afastado sem muita cena. Na conjuntura do atual governo perdeu a oportunidade de integrar o STF. E com certeza ruiu seu objetivo traçado. Claro que sendo professor de Direito e detentor de títulos acadêmicos não lhe faltaram convites para lecionar em faculdades dentro e fora do país. Com a esposa exercendo a advocacia por evidente e longe da Toga uma nova carreira se descortinou, tudo suficiente para manter economicamente a família.
Decorrido lapso temporal em que a Mídia mudou o enfoque das notícias e deixou de citar repetidamente seu nome, mesmo assim o advogado Sérgio Moro não deixou de ser cogitado para concorrer cargo eletivo no cenário político. E apesar dos desgastes próprios de sua saída do governo é claro que acabou, com sua atitude, agradando a ala oposicionista que lhe joga confetes para concorrer contra o Bolsonaro. Aqui no Paraná os três senadores estão tentando coopetá-lo para ingressar no mesmo partido prometendo-lhe total apoio, desde que não concorra na vaga de senador por estar reservada ao Álvaro Dias. Poderia concorrer para Governador, deputado estadual ou federal, Vice- Presidente ou Presidente da República pois com certeza teria um bom número de eleitores.
Parece que o Sérgio foi picado pela mosca azul da política e não descarta ser candidato no pleito do próximo ano. Que não lhe falte bons conselheiros para não colher dissabores -, saber pular corda de acordo com o tamanho das pernas é um bom indicativo de prudência, pois muitos tapinhas nas costas e conversa mole não são suficientes para eleger ninguém. Para uma primeira eleição e atendendo o panorama de eventuais candidatos o Sérgio se quiser reforçar seu prestígio para dar no futuro um grande passo a fim de atingir a governadoria do estado, deveria concorrer ao cargo de deputado estadual.
E seria eleito. Também poderia se eleger deputado federal e com certeza senador da república se quisesse peitar o desgastado Álvaro Dias. Outros cargos como : governador encontraria óbice político quase intransponível porque o Ratinho ao que parece consolidou alianças suficientes para sua reeleição; e a presidência da república seria dar um tiro n’agua.
Nem para se colocar numa chapa como Vice-Presidente a pretensão seria válida, porque seu nome não tem densidade política além das fronteiras do Paraná. Em tempo pretérito quem sabe, mas no atual momento não. Espero que o Sérgio Moro se realmente quiser adentrar de vez na política deixe de lado os politiqueiros rançosos de sempre, porque ainda tem muito prestígio popular e condições de decidir seu futuro sem arrependimento. Não custa antes de mais nada ouvir ponderados conselhos daqueles amigos que lhe são mais próximos, para não errar mais uma vez …
“No âmbito do Estado do Paraná o advogado Sérgio Moro goza ainda de considerável prestígio. Ao que parece não lhe falta vontade política para dar rumo na sua vida pública. Saber maturar o suficiente para não errar é o segredo de qualquer sucesso”.
Edson Vidal Pinto
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