Teatro da Vida.
Cena 1. Título: visitando Luiz Ignácio. Local: sala de repartição policial.
- Entre, Sepúlveda, sente-se. Como estão as coisas?
- O Pallocci vai por tudo a perder. Resolveu delatar...
- E o STF?
- Aí a coisa melhora.
- Então: empatamos, não é mesmo?
- É o que espero.
- Tem visto o Gilmar?
- Ele te mandou um abraço e disse pra você que está tudo certo, desta vez vai!
- Promessa nunca cumprida...
- Desta vez eu acredito. O Marco Aurélio deu uma entrevista na TV de Portugal, dizendo que sua prisão é ilegal.
- Mas continuo preso...
- Aguente firme, Luiz, Mandela ficou vinte anos preso, em menos de quatro meses você estará nos braços do povo, fazendo sua campanha para voltar a presidência.
- Orra, não vejo a hora, vou comemorar injetando “aquela” pinguinha direta na veia!
Moral da história: uma vez pinguço sempre pinguço!
Cena 2. Título: Conversa ao pé do ouvido. Local: quarto de casal do Palácio Jaburu.
- Amor.
- Fale doce amada.
- Você me ama como antes?
- Muito mais...
- Mesmo?
- Claro cada dia mais.
- Posso pedir um favor?
- Peça tudo que quiser, sou teu escravo, minha vida!
- Posso, mesmo?
- Claro.
- Você não vai recusar?
- Dou minha palavra de Presidente. O que você quer, meu anjinho de coco .
- Corte o cabelo como o Neymar! Eu me amarro naquele cabelo Crespo e colorido!
- Claro, imediatamente!
Moral da história: homem idoso que casa com mulher jovem, faz coisas que nem a razão explica.
Cena 3. Título: cidade de Porto Alegre. Local: passeio de barco pelo Rio Guaíba.
- Vó.
- Diga...
- É verdade que você sabe estocar o vento?
- Quem te disse isto, guri?
- Meus amigos da escola.
- Eu sabia quando era presidenta, agora não sei mais.
- Vó.
- O que?
- Você fala francês?
- Claro que não...
- Meus amiguinhos viram um vídeo e você estava falando francês.
- Foi só uma vez, esqueci!
- Vó, você quebrou a Petrobras?
- Que absurdo guri. Quem disse isto?
- Meus amiguinhos lá da escola.
- Vou falar com sua mãe para ela te tirar dessa escola ...
- Vó, mas o papai também falou a mesma coisa.
- Quando?
- Quando ele conversava no bar com os amigos...
- Teu pai é um ingrato. Está rico as minhas custas, tem toda a mordomia oficial e ainda fala mal de mim? Ele vai ouvir muito quando eu voltar para casa.
- Vó.
- Pare de me chamar de Vó todo o instante, guri. Você só me enche o saco.
- Vovó.
- Pela última vez: o que você quer?
- Você vai mesmo ser imortal da Academia Brasileira de Letras?
- Quem falou isto?
- O Chico Buarque de Holanda.
- Ah! Ele falou é? Pode ser, guri, pode ser..
Moral da história: em um país em que tem gente que ainda vota no PT, tudo pode acontecer!
“Diálogos do cotidiano podem brotar da fantasia, mas não são impossíveis de acontecerem. Principalmente quando os personagens são figuras carimbadas deste Brasil varonil!”
Edson Vidal Pinto