Temas do Cotidiano.
Dias atrás passei em frente de uma loja e deparei na vitrine com um sapato esporte, cujo modelo há muito tempo eu estava procurando. Entrei e fui atendido por um senhor de meia idade, de origem nipônica, que mais tarde eu soube que era o dono e que prontamente me mostrou o sapato que eu acabei comprando.
Conversador e bom comerciante, logo começaram a falar sobre vários assuntos do dia a dia:
- E o que o senhor acha dessa turma de gays que infestam a TV e as ruas das cidades?
Fui pego de surpresa e tive que pensar um pouco mais, para responder. Por quê? Porque é uma realidade da sociedade nestes novos tempos; a libertinagem deflagrou um movimento de homens e mulheres que viviam no anonimato para se ajeitarem num mesmo espaço dos demais, gerando desencontros.
Não se pode olvidar das transformações sociais que ocorrem de quando em quando, reflexos do próprio progresso, da modernidade e principalmente da frouxidão dos hábitos e costumes. Estes sempre se amoldam a realidade do momento. E o momento que o mundo atravessa é este: a liberdade da sexualidade em todos os sentidos!
Não importa o nome que se dê, a intenção visível é pretender igualar os seres humanos sob um mesmo prisma de permissibilidade e licenciosidade. Toda modificação social gera consequências e a revolução sexual alardeada com tanta pirotecnia e pressão não é exceção.
Evidente que existe um choque de gerações, visto que a moral sedimenta comportamentos e impõe regras estanques de educação. A nova ordem de licenciosidade explícita encontra resistência e até intolerância, porém a convivência com o passar do tempo se ajusta aos poucos e a repulsa inicial cede e se esvai. Sempre foi assim na História do mundo. Deve-se, no entanto, evitar os exageros. Nem tanto o céu e nem tanto o mar.
Dispensáveis certas cenas mostradas em novelas e abertas para todo o público, ou a nudez gratuita na presença de crianças, bem como expressões e trejeitos exagerados repetidos em programas humorísticos. Tudo pode desde que não agrida a moral alheia. Esta é a máxima que a meu ver pode moldar a convivência da nova sociedade.
Depois de conjecturar sobre o que poderia responder ao dono da loja, disse-lhe:
- Eu não gosto, mas respeito às individualidades; os excessos devem ser coibidos, mas cada um tem o direito de optar e ser na vida o que lhe convém para ser feliz!
- Concordo. - respondeu meu interlocutor, para em seguida completar. - Eu perguntei porque o senhor me pareceu um homem sensato. Sei eu convivo com esse problema, pois minha filha vive com uma amiga...
Ouvi e respirei aliviado. Acho que foi a melhor resposta que eu poderia dar a um pai que busca conforto. Infelizmente este é um retrato do álbum do cotidiano, ninguém está imune e nem livre de se defrontar com situações assemelhadas. Todo o dia temos que aprender as lições que a vida nos ensina, nem sempre são aulas de pintura e cores...
“A vida em sociedade exige muita percepção e cautela. Cada indivíduo é um mundo à parte. Tem sua história, suas frustrações e seus anseios. Saber respeitar é condição para merecer respeito!”
Edson Vidal Pinto