Tramas ou invenções?
Pinçando as notícias veiculadas da Imprensa sobre o
tema “golpe de Estado pretendido pelo Bolsonaro”, é possível
depreender raciocínio lógico e chegar a uma conclusão plausível,
dependendo, é claro, não se deixar levar por preferência ideológica e
nem político-partidário. Antes porém é preciso colocar a nu o clima do
país nos dois meses que antecederam a posse do Luiz Ignácio. Muita
gente inconformada com o resultado das urnas saiu às ruas e buscou nas
frentes dos quartéis incitar os militares a deixar o comodismo da
caserna e enfrentar as artimanhas dos que tomaram o poder, ante o
clamor popular de ter existido criminosa manipulação do resultado das
eleições. O cenário obscuro era reflexo da falta de credibilidade da
composição do TSE e do STF, em decisões duvidosas pelo cunho de
parcialidade para beneficiar o grupo eleito. O alto comando das forças
armadas ao invés de emitir uma declaração em favor do Estado
Democrático de Direito e desestimular a euforia dos inconformados,
permitiu que estes permanecessem nas áreas de segurança dos quartéis,
dando a impressão que aguardavam ordem superiores para colocar os
tanques nas ruas. Havia sem nenhuma dúvida um clima de insegurança
mas, ao mesmo tempo, indícios no ar de que o novo governo eleito não
assumiria. Era mais ou menos este o cenário político, com muitos
acreditando, pelas aparições do então Presidente na frente do Palácio
Alvorada para ouvir as manifestações de seus apoiadores, que a
situação nacional estava sob seu controle e que a solução se
avizinhava. E nos bastidores? Com o país numa encruzilhada seria
normal que qualquer Presidente ouvisse seus principais assessores como
agir e qual seria a saída legal para o impasse. A legislação, como
sabido, permite em casos extremos a intervenção federal. E o Bolsonaro
com certeza usou do seu direito de Chefe de Estado para confabular com
seus assessores diretos e manusear os diplomas legais para encontrar
uma solução, no que foi rechaçado por dois dos três comandantes
militares. Via de consequência nada foi feito e nenhuma decisão foi
tomada a não ser, com a aproximação da posse do Luiz Ignácio, aquela
em que o ex-Presidente optou por se afastar do país e viajar para os
EEUU. Este o episódio de bastidores palacianos. Daí, o STF tenta
imputar ao Bolsonaro a articulação de um “golpe” (por discutir a
probabilidade de intervenção federal baseado na lei) que nunca
existiu. Esta a verdade dos fatos. A transição da posse transcorreu
dentro do protocolo embora muitos inconformados ainda estivessem nas
beiradas dos quartéis, esperando que pudesse haver uma reviravolta.
Dito movimento popular acabou no dia 08 de janeiro do ano passado,
quando o próprio governo eleito engendrou a facilitação das invasões
de prédios públicos com consequentes depredações, resultado de um
plano oficial não esclarecido pois contou com as participações de
agentes públicos. Tudo o mais que se acrescente não passam de
conjecturas. As perguntas que faltam responder: a) o Bolsonaro agiu
com intenção golpista?e b) quem articulou o plano que resultou no
episódio do dia 08 de janeiro? Pense e decida leitor, com absoluta
imparcialidade, não como Xandão vai julgar, mas com a serenidade e bom
senso que caracteriza um cidadão de bem…
“Dois episódios diferentes que necessitam de análises: a do chamado
“golpe” atendendo o momento nacional; e o das depredações que dependem
de provas e autorias certas. Nada de conjecturas, apenas verdades. E
Acreditar no quê?”