Trocado Seis Por Meia Dúzia
No recente episódio ocorrido na cidade de Guarapuava quando uma quadrilha de assaltantes tentou roubar uma empresa de valores e só não conseguiu em virtude da pronta reação da Polícia Militar, quando um militar-herói acabou perdendo a vida, abalou as estruturas da Secretaria de Estado da Segurança e o seu titular foi defenestrado.
Tudo motivado pela nota oficial da Pasta afirmando que há tempos vinha monitorando o planejamento dos bandidos e que inclusive tinha reforçado o contigente policial local no que foi desmentido pelo militar em comando na região. Este perdeu o posto que comandava e o Secretário foi substituído : saiu um Coronel do Exército e entrou um Delegado da Policial Federal. É sobre a troca de Secretário o ponto principal desta crônica.
Como é do conhecimento público existe uma insatisfação muito grande entre os militares e policiais civis da Segurança Pública com o governador Ratinho Júnior, este sabidamente um “mão de vaca” que concedeu debochadamente um percentual de reajuste para o funcionalismo publico de três por cento ignorando o tempo decorrido sem atender o reajuste devido e a inflação que está corroendo o bolso dos brasileiros. Governador insensível e de nariz empinado porque conseguiu tramar nos bastidores da política sua reeleição sem precisar sair de casa -, o Ratinho pelo menos na área dos que militam na Segurança Pública não deve esperar nenhum reconhecimento e muito menos votos para contabilizar na sua vitória.
Mas é claro que um segmento de servidores tão importante não pode ser olvidado e muito menos esquecido. E com a mudança na titularidade da Pasta da Segurança Pública era o momento do governador refletir e escolher alguém que pudesse ter diálogo com os policiais militares e policiais civis para restabelecer o clima de cordialidade e respeito que sempre houve em governos pretéritos.
O governador não ganha nada em querer peitar os representantes dessas áreas porque todos eles em razão do espírito de suas respetivas instituições são aguerridos e sabem muito bem o que querem quando estão defendendo seus legítimos direitos.
Portanto alguém que fosse convidado pelo governador para assumir a Secretaria de Segurança Pública deveria externar que a aceitação dependeria da vontade do próprio governador em querer reatar o diálogo com os servidores da área e estar disposto de sentar numa mesa para estabelecer regras concretas para um reajuste salarial digno, sem subterfúgios e nem sofismas.
E selado este acordo moral o convidado deveria procurar o Comando da PM e a cúpula da Polícia Civil para noticiar a pretensão manifestada pelo governador e estabelecer com estes dirigentes um pacto respeitoso de diálogo e compromisso de irrestrita lealdade com a Chefia da Pasta para que as negociações pudessem avançar e chegar a bom termo. Só depois de tudo muito bem esclarecido é que o convidado deveria aceitar a sua nomeação.
É claro que isto não aconteceu e o delegado federal Wagner Mesquita que ocupava a diretoria de DETRAN de pronto aceitou o convite e foi nomeado Secretário de Estado. A troca foi de seis por meia dúzia porque o novo Secretário será mais um figurante sem graça em uma equipe de governo que não cheira e nem fede …
“O governador sem visão administrativa mudou a titularidade de uma Secretaria sensível e espinhosa, sem se importar em resolver a crise existente entre os servidores da área. Prova inequívoca de um governo sem lustro.”
Édson Vidal Pinto