Últimos Minutos de Natal
Da noite e ontem só lembro que arrastei o saco do Papai Noel, todo murcho e sem presentes, pelas ruas de Curitiba em direção a minha casa, depois de ter cumprido minha missão de Velhinho do Natal. Eu queria era dormir, pois cansei de arrastar o saco todo o dia, para todos os lados, a ponto de ter engatado o dito cujo saco numa pedra da Praça da Ucrânia, que abriu um furo e vai precisar urgente de remendo para que no próximo ano eu não perca nenhum presente. Desde cedo fiz uma peregrinação e entreguei presentes para familiares, afilhados, compadres, vizinhos e funcionários do prédio onde moro, também, ajudei algumas pessoas que estavam trabalhando em pleno Natal, uma maneira de recompensar e agradecer pelo muito que fazem pela nossa cidade. Fiz tudo isto de carro, é bem verdade, mas cansei. Cheguei em casa com o saco rasgado e vazio. Deitei e não consegui dormir, meu coração estava agitado, meus pensamentos rodavam a mil por hora, acho que foi a emoção do dia, afinal nem sempre se é o Papai Noel. Viro daqui para lá na cama, com cuidado para não acordar minha mulher, de repente minha cabeça ficou quente no travesseiro, viro este do outro lado, agora, sim, está bem melhor.
Continuo pensando e quando minhas pálpebras estavam se fechando, eu vejo o Papai Noel do lado da minha cama, arregalei os olhos, então ele com cara de poucos amigos, perguntou:
-Onde está o meu saco?
Putz, nunca imaginei que ele fosse me cobrar pelo saco que ele me emprestou:
-Não se preocupe, logo mais eu irei até o Shopping Barigui, onde o senhor está trabalhando, e lhe entregarei o saco …
-Eu quero ele agora! - disse com certa rispidez o bom Velhinho …
-Por favor, eu posso entregar logo mais, depois do almoço, o seu saco?
-Ora, ora, ora, por quê você não quer entregar agora mesmo o meu saco?
-É que eu estava cansado, por isto arrastei o seu saco no chão, e ele furou…
-O quê? Você furou o meu saco?! Eu não acredito.,,
-Mas foi um acidente, não foi por querer. - tentei justificar.
-Sabe, me entregue o meu saco agora, e fique sabendo que não lhe emprestarei mais meu saco para você entregar presentes.
Meio sem graça, levantei da cama, peguei o saco furado e entreguei o mesmo para o Papai Noel. Ele apanhou o seu saco, enfiou o dedo no furo do saco, avaliou o tamanho do rombo, deu uma risadinha e saiu do quarto. Olhei para minha mulher e ela continuava dormindo, dei graças a Deus por ela não ter visto a bronca que o Velhinho me deu por eu ter furado o seu saco. Óbvio que não consegui dormir. Maldita hora que emprestei o saco do Papai Noel para entregar os presentes, eu devia saber que emprestar o saco de um cara velho, nunca daria certo. Mas foi uma lição: nunca mais vou emprestar o saco de ninguém, entregarei os presentes dentro do meu próprio saco, se furar, rasgar, queimar ou ficar murcho demais, não faz mal, pois o saco é meu e ninguém bucha…
“Escrevi esta crônica ontem à noite, quando cheguei cansado em casa, depois de entregar presentes em lugares diferentes. Como não tinha assunto resolvi escrever sobre o saco de presentes. Acho que dá para ler e se divertir. pois furei o saco do Papai Noel!”