Um País Gigante
Brasil : terra descoberta por destemidos navegadores portugueses que serve de morada para gentes de todas as partes, raças e religiões; a verdadeira argamassa de um povo pacífico de tantas línguas, hábitos, costumes e tradições diferentes, irmanados por um só espírito de fraternidade e solidariedade humana.
Com um solo abençoado pelo Arquiteto dos Mundos porque não tem vulcões, terremotos e nem sofre grandes prejuízos pelas intempéries; seu relevo de inigualável beleza, florestas exuberantes, subsolo rico e que não é igualado por nenhuma outra Nação do planeta. Os rios são extensos e volumosos permitindo que os ribeirinhos naveguem com suas frágeis canoas sobre o remanso de suas águas dividindo espaços com embarcações de grande porte. Sua História repleta de páginas com acontecimentos marcantes e heróis que protagonizaram episódios sempre lembrados e comemorados, porque fazem parte do acervo biográfico do país.
As guerras que participou foram distantes e as poucas revoluções internas não chegaram a representar fratricídio de consequências extremas. Este é o Brasil que conhecemos mas que presentemente está ideologicamente dividido por interesses de pessoas que querem conquistar o poder a qualquer custo. E tudo avalizado por decisões judiciais emanadas do STF, por juízes comprometidos e dependentes. E para piorar : um ano de eleições. Neste panorama é que hoje está sendo comemorado o bicentenário de nossa Independência do reino de Portugal. É certo que o povo ordeiro sairá logo mais a tarde nas ruas das cidades para demonstrar seu amor pelo Estado Democrático de Direito, pelos símbolos da Pátria e respeito à instituição familiar.
Mas a pergunta que não quer calar : onde erramos ? Quando da Proclamação da República o legislador deveria optar por um estado confederado para que cada estado-membro tivesse total autonomia , cabendo ao Governo Federal apenas preservar a Unidade Nacional e a representação externa do país. Por quê ? Em razão da extensão continental do Estado brasileiro que não permite a centralização do Poder e nem leis, principalmente de regência econômica, que atendam os reais interesses dos estados-membros. E um governo que teria de ser parlamentarista por ser muito mais dinâmico e prático na gestão da administração pública. Também um Congresso unicameral constituído apenas de deputados federais escolhidos através do voto distrital.
Mas nada disto foi levado em conta e a oportunidade se perdeu no tempo. E hoje ? Comemorar o quê ? Comemorar a soberania nacional, a democracia, a liberdade de ir e vir, o direito (?) de ter e poder externar opinião publicamente e a garantia de escolher livremente os dirigentes do país. E rezar muito, muito mesmo, para que os eleitores não desperdicem seus votos nas eleições que estão próximas, para que não se arrependam tarde demais…
“A Independências do Brasil é o fato histórico mais relevante da Pátria, porque alicerçou a sua soberania como Nação autônoma. O país deixou de ser colônia do Reino Português para ser um novo Império, preservando o Regime Monárquico. Foi um passo gigantesco dado por uma terra de dimensão continental.”
Édson Vidal Pinto