Um Quiosque Abençoado
Não, o quiosque em referência nada tinha de sacro pois era ponto de parada de quem trafegava na estrada entre Umuarama até a cidade de Guaíra, na região noroeste do Paraná, onde os motoristas e passageiros desciam para esticar as pernas e saborear a melhor garapa com o mais recheado pastel de carne. Não sei se existe hoje aquele paraíso porque já passaram mais de quarenta anos e não mais passei pelo local, quem sabe, até seja uma lanchonete estilosa de beira de estrada ou um restaurante. E por quê lembrei daquela paragem? Porque entrei no túnel do tempo, cai na escada da nostalgia. Morei com minha mulher e dois filhos entre os anos de 1.975 até abril de 1.980 em Umuarama, quando fui Promotor de Justiça da 2a. Vara Criminal, assumi a titularidade desde que a Vara foi instalada, vindo de promoção da Comarca de Faxinal. Na referida Vara trabalhei com três Juízes de Direito, drs. Leonardo Pacheco Lustosa, depois Ayton José Saldanha e por último com a Maria Homi Kinashi, sendo o diretor do fórum o dr. Joel Pugsley. Também trabalharam no período referido os Juízes drs. José Carlos Lins Santos, Haroldo Glomb, Edison Luiz Trevisan, Milton Alceu Etzel e Fernando Ruedel Ferreira; bem como os Promotores de Justiça drs. Benito Italo Pierri, Gabriel Nogueira e Antônio Saul Benedetti Maggio. E, ainda, com o Juiz Substituto dr. Dimas Ortêncio de Melo e o Promotor Substituto dr. Saulo Ramon Ferreira, ambos saídos de Concurso Público e dando os primeiros passos nas respectivas Carreiras. O ambiente forense era excelente, militavam aproximadamente cinquenta advogados, a maioria oriundos de São Paulo e com ótimas formações jurídicas, dentre estes, três mereciam destaques: Drs. Wagner Brussolo Pacheco, Ivo Soma, e Toledo Barros. O trabalho forense era intenso, com muitos juris, mas reinava uma camaradagem muito grande e respeitosa entre a família forense. O dr. Joel Pugsley tinha uma propriedade agrícola onde plantava café, mas tinha um espaço reservado para o campo de futebol, e estava localizada bem na frente, do outro lado da rodovia, do abençoado quiosque. É claro que o campo de futebol era o ponto de lazer entre Juízes, Promotores, Advogados e funcionários do fórum onde a bola era a atração principal, não faltando caneladas e outras coisas mais. Contudo os excessos nunca saíram para fora das quatro linhas. E todas as vezes que as disputas eram realizadas no “Estádio do Joel” os encontros terminavam no quiosque, com muita garapa e pastéis preparados pela mulher do dono. E foram momentos inesquecíveis. Sem dúvida uma época de vida interiorana onde as amizades eram imorredouras, pois apesar de terem passado muitos e muitos anos, acredito que para a maioria daqueles “atletas” as lembranças ainda permaneçam vivas.
Enfim, foram momentos bem vividos, por isto eu acho que os momentos na vida são as únicas coisas que realmente nos pertencem, porque eles são tão nossos que vivem em nossas lembranças…
“Viver com a família em cidades do interior do estado, para quem nasceu e se criou na Capital, é uma experiência de vida incrível.
Acima de tudo um aprendizado, para o casal e os filhos, por estarem longe dos parentes mais amados.
E quem aproveitou os momentos com certeza tem lembranças especiais, e amigos que a distância não consegue apagar.”