Uma Cacetada por Dia
Fico pensando que mal fizemos para merecer tantas provações num só ano. Será que cuspimos na galinha assada que estava exposta no meio de garrafas de cachaça numa esquina da rua ou porquê xingamos muito pouco o Lula de ladrão? Tem que ter uma explicação lógica porque nada acontece sem motivo, basta ver a teimosia do faraó do Egito e as pragas que teve de enfrentar.
E nós? Eis uma pergunta que não quer calar. Deixe-me lembrar para ver se encontro alguma justificativa: será por quê elegemos o Bolsonaro? Talvez porque o Moraes, aquele do STF, tenha pedido ao xamã que foi visitá-lo no gabinete que fizesse um “trabalho” para punir seus jurisdicionados pelas injúrias que tem recebido? Ou quem sabe o impoluto do Maia e seu assecla o Lacombe tenham feito promessa ao Senhor dos Corruptos para punir a raça ignóbil dos eleitores brasileiros?
Talvez a Maria Louca ... não, este com certeza não teria pedido nada para prejudicar o povo, pois aposentado não tem vez por ser carta fora do baralho. Mas alguma coisa tem atrás de tantas barbaridades; e pensar que tudo começou com o mosquitinho da dengue que chegou de mansinho e foi matando, matando e continua matando. Só que agora ninguém mais fala dele, pois tornou-se mero figurante.
Daí surgiu o ator principal: o Covid-19. Este vírus que ninguém vê esparramou-se pelo mundo e tem matado sem dó e nem piedade. Inclusive a economia, os sonhos e o futuro de muita gente. E com ele renasceu a briga de opiniões entre os esculápios e que acabou se transformando numa disputa política pelo poder. Foi igualzinho a construção da Torre de Babel em que ninguém que trabalhava para edificá-la se entendia. E deu no que deu: ruiu. E entre esta encrenca veio a seca. Nem um só pingo de chuva. E antes do vírus poder ser combatido com eficácia e com medidas protetivas inteligentes, surgiu no ar a ameaça das nuvens de gafanhotos.
Não sei se foi o frio ou não mas o vento levou os insetos para o lado dos nossos hermanos, ao menos, por enquanto. E de repente, sem mais e nem menos, anteontem começou uma pequena golfada de vento bem próprio para soltar raia e que horas depois se transformou em um vendaval com muita chuva, destelhando casas, derrubando árvores e deixando grande parte da cidade no escuro. A energia elétrica copeliana se escafedeu e toda a sua tecnologia foi para o brejo. Tem lugares que a energia elétrica ainda não foi restabelecida. Enquanto escrevo esta crônica na plena quarta-feira à tarde a luz ainda não tinha voltado.
E ficar de quarentena sem Amazon e nem Netflix ninguém merece. A bateria do meu celular está sendo recarregada quando faço meu carro funcionar na garagem. Como diria com sabedoria o Leão da Montanha: “Ó céus que dia, que mês, que ano!” E o que fazer? E eu la sei se nem o Francisco sabe? Já rezei tanto para São Benedito que ele é capaz até de sair correndo atrás de mim. Acho que vou parar de escrever por hoje pois perdi a inspiração. Creio que vou saltar de asa delta do décimo quinto andar da varanda do meu apartamento e dar uns voos rasantes no Parque Barigui, apenas para esfriar a cabeça ...
“Desgraça pouca é bobagem. Mas muito é uma desgraça. Qual será o pecado que fizemos? Será que não tem perdão? Perdemos um ano de vida e não podemos pedir indenização para ninguém. Estamos ao sabor do tempo!”
Edson Vidal Pinto
- Tags: Edson Vidal Pinto