Uma corte das Arábias
Fico imaginando onze indivíduos com turbante na cabeça, rodeado de odaliscas por todos os lados e eunucos mantendo a segurança de todos. Mas dentre eles não tem mulheres? Tem mas como a imaginação é minha elas também estão de turbante. Este é o cenário de um país tropical de terceiro mundo encenando a história das “Mil e Uma Noites”-, mas como o Covid-19 acabou com os últimos tostões que estavam no Erário, o produtor resolveu sem muitas pompas aproveitar o palco e atores principais da sua Maior Corte de Justiça : o STF. E daí? E daí é que “aquela” famigerada Corte tem editado decisões hilariantes e até uma mais recente que é inexequível. Sim, pois ninguém sabe ao certo como cumprir a dita cuja decisão.
A “turma” parece delirar no tapete mágico dos acontecimentos pois julga tudo que aparece ao talante da imaginação. Um deles de nome Celsius de Mellus , que está em vias de se aposentar, acordou do seu sono letárgico e quer porque quer decidir todas as questões que envolve o Presidente da República, pois tem muita vontade de deixar a marca e o cheiro de sua passagem na judicatura como legado de última vontade. Não sei se nesta parte eu me fiz compreender muito bem, mas para bom entendedor meia palavra basta.
Ela é uma Corte eclética pela bizarrice; pudera pois está localizada em pleno oásis de um antigo deserto localizado num certo planalto central. Dito isto vamos ao que interessa: o país em questão também está mergulhado na pandemia que assola o planeta e precisou a sua Suprema Corte decidir uma questão relevante para o povo. Quem tem o direito de determinar sobre a “reclusão social” ou sua reabertura gradual? O Presidente, o governador ou o prefeito? Os do “turbante” debruçados sobre o processo em questão decidiram sem falsa modéstia que o direito deve ser exercido pelas três autoridades, guardadas as suas independências.
O Presidente então baixou um decreto dizendo que não precisava fechar as indústrias, o comércio e apenas recomendou que os idosos ficassem em casa. Os governadores e os prefeitos disseram que ninguém poderia trabalhar e muito menos sair de casa. O povo ficou sem saber a quem obedecer. Daí o Presidente voltou a editar um novo decreto para permitir que academias de ginásticas e salões de beleza pudessem retornar as atividades normais, com o quê os prefeitos concordaram, mas os governadores não. E o povo permaneceu derrapando na maionese.
Pô, que enrascada dos infernos. Afinal como ficou a pendenga? Os prefeitos indignados fizeram uma reclamação para o STF que decidiu: a última palavra caberá exclusivamente aos governadores. E ponto final. O Doria ficou eufórico e se sentiu eleito Presidente!
E por quê não disseram isso antes? Seria bem mais simples, não é mesmo? Mas como estamos num mundo imaginário e lúdico a Justiça não poderia ser certinha e fugir do padrão fantasioso. É claro que mundo do qual me refiro não é real e nem poderia ser, porque a história não passa um simples conto persa.
Óbvio que ninguém acreditou não é mesmo? Imagine só se poderia existir um país com uma Suprema Corte tão desqualificada...
“Brincar com o imaginário é um exercício mental muito bom para quem não pode sair de casa. Criar história absurda e sem nexo serve para matar o tempo em época de pandemia. Só louco para morar num país com uma Corte de Justiça fora do contexto.”
Edson Vidal Pinto
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