Uma História Para Não Perder a Ternura.
Ontem, 11 de junho de 2017, domingo.
É por ser domingo que resolvi escrever uma história para adultos que cultivam os encantos de uma criança. Peço licença para abusar da imaginação do leitor. Era uma vez num país tropical um homem amargurado por ser chamado de "ladrão”, daí sentindo a necessidade de ficar sozinho para abaixar a "poeira" de seus escândalos resolveu deixar o país.
O pejo de "ladrão" constava até no seu currículo de vida. Assim, bafejado pela sua sorte de Midas, pois onde tocava transformava tudo em ouro, aproveitando-se da bondade de um rico empresário viajou num luxuoso jatinho para um lugar ermo a fim de se esconder de seu passado. Foi em pleno deserto do Atacama que ele montou uma barraca e instalou-se envolto na solidão.
Nos primeiros dias aproveitou a noite para contemplar as estrelas que irradiavam um brilho espetacular e nos dias ensolarados e quentes brincava com as miragens que se formavam no horizonte. Não fazia nada de útil até porque ali não havia água e, portanto a sua profissão de encanador era absolutamente dispensável. Tinha dias que passava lendo gibi e quando jogava o Corinthians ficava sentado na frente da TV, nada mais.
Tudo transcorria as mil maravilhas até que certa noite ouviu um barulho de freada de algum carro que estacionara nas imediações. Pütz, pensou, carro neste deserto? Assustado, pegou um anel valioso que sem querer furtara do Acervo Nacional e com medo saiu da barraca disposto a enfrentar quem quer que fosse. Olhou para os lados e não viu ninguém, porém quando fitou os olhos para o alto deparou com homem em pé num tapete voador.
Assustado deu um grito!
- Calma! - falou o estranho - fiquei sem gasolina...
- Pô, aqui não é posto da Petrobras, companheiro!
- Ah!
- Está indo para onde?
- Para a Antártida!
- Para o gelo? Por acaso você também está fugindo?
- Fugindo? Eu? Fale baixo cara, sou da Polícia Federal e estou numa missão secreta para prender...
- Putz, não prossiga, por favor! Não sei e nem quero saber de nada, pois não moro aqui, estou só de férias e não conheço ninguém por estas bandas!!
- Interessante o seu sotaque com a língua presa, parece que já vi o senhor, não me lembro aonde ...
-Que nada hombre, soy hijo de lá tierra! Soy chileno e um poquito de argentino!
- Mas o senhor não estava falando português?
- Ouvistes demás!
- Como se chama?
- Juanito Vaca! Soy bispo de lá Iglesia Universal.
- Que está fazendo neste fim de mundo?
- Meditación, Señor.
E o diálogo entre os desconhecidos terminou por aí, pois o policial subiu no seu tapete mágico e saiu em busca de um posto de gasolina. O homem eremita quando viu que estava sozinho e que o ritmo de seu coração voltara ao normal, disse para si mesmo:
- Quase que o policial me reconheceu! Juro que fiquei com medo de ser preso! Custa acreditar que até neste fundão onde Judas perdeu as botas possa aparecer alguém para me perturbar! Não é possível que até no meio desta imensidão de sal eu não tenha sossego!
Em seguida entrou na barraca e fazendo uso de um rádio amador, falou:
- Alô, alô , Yolanda, Maria Louca, Amante, estão na escuta ? Cambio!
- É a Amante, estou na escuta. Cambio.
- Companheira Amante, graças a Deus, você pode "pegar" um dinheirinho partido e alugar um jatinho para vir me buscar no Atacama?
- Por que Líder Supremo? Enjoou de ficar longe dos correligionários, sindicalistas e sem terras?
- É que quase fui descoberto! Preciso ficar em um esconderijo seguro!
- No país?
- Não minha querida quero ficar bem longe de Curitiba! Estou estressado, pensei que com o anel que eu "peguei" poderia aliciar qualquer antagonista, mas jamais me arrisquei com um policial federal...
- Por que você não se esconde no sítio do Atibaia?
- ????
- Ora, não existe um ditado que o criminoso sempre volta ao local do crime?
- ???
- Mas, como você sempre jurou que a propriedade não é sua, você estará num ótimo esconderijo!
Pois a polícia jamais irá achá-lo!
- Sinceramente companheira, não acredito que você tenha acreditado no que eu falei! Ou você é muito ingênua ou estupidamente tapada! Por isso , Presidenta, nunca tente me convencer de nada, muito menos que exista Justiça Eleitoral no país!
(Pano rápido)