Universidades Brasileiras
Ninguém ignora que o ensino universitário está indo de mal a pior desde que, em nome de uma certa democracia da esquerda, foi implantada eleição para a escolha de Reitor. Claro que me refiro às universidades públicas, posto que as particulares com algumas exceções, são apenas indústrias de diplomas.
O MEC credenciou e apaniguou tantos empresários do ramo do ensino, que perdeu a noção de sua própria responsabilidade. Quem é dono de uma escola superior é um nababo dos tempos modernos por ter nas mãos uma verdadeira mina de dinheiro. Basta ver recentemente as negociatas de compra e venda de universidades por envolver cifras faraônicas. Culpa de um Estado falido e de dirigentes perniciosos. Basta ver os números estarrecedores de faculdades de Direito, Engenharia e agora, também de Medicina, para não citar outros cursos.
No Paraná, enquanto o ensino público fundamental se arrasta, com professores mal remunerados e as escolas caindo aos pedaços, às universidades públicas do estado vivem num oásis de fartura e perseguindo sempre a autonomia administrativa e financeira. Um contrassenso sem igual.
Quando o governador Paulo Pimentel criou as universidades do norte do Paraná a realidade do ensino era bem outra, encontrava motivo suficiente para a própria integração cultural do estado, porém depois de conseguir esse intento os governantes subsequentes ao invés de buscarem federalizar esses núcleos, injetaram mais verbas públicas e isentaram os alunos da contrapartida do indispensável pagamento para suas manutenções. Porém, nos termos da Constituição Federal, cabe a União criar e manter as universidades públicas e aos estados-membros a responsabilidade pelo ensino básico e fundamental.
No Paraná a falta de visão estratégica de seus homens públicos não possibilitou que enxergassem o sorvedouro de dinheiro público que são ditas universidades. Pelo menos onze por cento da arrecadação bruta mensal são destinadas ao ensino superior estadual. E como tentar reverter esta situação compromete a vida política dos governantes, ninguém tentará nenhuma medida prática ou paliativa. Enquanto isto o ensino público das escolas alfabetizadoras continuará em ruínas.
Está passando da hora dos administradores públicos acordarem, viajarem menos para o exterior, e tratarem da coisa pública com o devido respeito. O ensino é o alicerce intelectual de um país e não pode ser olvidado -, é através dele que surgem as pessoas que pensam e podem contribuir para um futuro melhor para todos.
Universidade pública não é curral ideológico e sim laboratório de ciências. Quem um dia passou pela Universidade de Coimbra - Portugal, com seus setecentos anos de história, e viu circulando nas imediações de suas ruas os acadêmicos puxando carrinhos de livros e os catedráticos ostentando suas vestes universitárias, pode bem avaliar o quão respeitoso é o trato com o ensino. Entre nós que nos ufanamos de ter a primeira Universidade do Brasil, nos esquecemos de olhar para dentro dela e ver a sua triste realidade.
A meritocracia não existe mais e sem ela o empobrecimento acadêmico é uma constante. Os doutores e pós-doutores que nela ministram suas aulas são arremedos do que foram os antigos Catedráticos. Estes aliavam o estudo com a prática e eram notáveis educadores. Claro que sempre existem exceções. E pensar que o país necessita de indivíduos cada vez mais preparados intelectualmente, sem o qual o futuro promissor estará cada vez mais distante. Será que ninguém está enxergando isso?
“Um país sem cultura não passa de um aglomerado humano subjugado ideologicamente. É dever do governante zelar e contribuir pela melhoria do ensino. Povo que não é alfabetizado e não sabe discernir como viver em sociedade é uma casta ignara. Serve de massa de manobra e bucha de canhão.”
Edson Vidal Pinto
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