Valorização!
Sábado, 22 de julho de 2017.
Dias atrás conversando com meu colega e amigo Des. Celso Saito, um oriental que não tem quem o conheça que não goste dele pela simplicidade, simpatia, cultura e conhecimento da vida. Nascido lá pelas bandas de Cambará - Norte do Estado - e típico pé-vermelho, criou-se na cidade de Londrina onde começou a trabalhar na agricultura (café) e dela se afastou quando tinha 21 anos de idade para frequentar os bancos da Faculdade de Direito da cidade. Formado, ingressou na Magistratura do Estado e acabou se aposentando no Tribunal de Justiça.
Ele, eu e alguns Magistrados, bem como outros dedicados profissionais de áreas diferentes, prestamos serviço voluntário no setor de Mediação (CEJUSC) do Tribunal de Justiça. E quando lá nos encontramos sempre vem à tona uma conversa diferente e animada que permite boas reflexões. Conto algumas trazidas pelo Celso.
A mais hilariante aconteceu na sua viagem à China quando em uma rua repleta de pedestres ele se distraiu e acabou perdendo no meio da multidão a sua esposa, também oriental, tudo porque a fisionomia dos circundantes chegou a confundi-lo. Dai em diante nunca mais soltou das mãos de sua mulher. Segundo ele todo mundo parecia igual! Sempre pronto para viajar pelo mundo a fora, visitou o Japão, terra de seus ancestrais.
E duas coisas lhe chamaram a atenção que por parecer estranho entre nós, motivaram as razões destas linhas. Movido pela curiosidade começou a indagar sobre a figura do Juiz no contexto da formal e hierárquica sociedade japonesa. Ficou surpreso. A Justiça é insipiente. Lá só litigam os "fracos da ideia" ou os intolerantes, porque as divergências entre pessoas e seus negócios são sempre resolvidos pelos denominados Conselhos das Comunidades. Neles as pessoas fazem suas reclamações, buscam seus direitos, e sempre contando com a presença da parte ex-adversa, resolvem satisfatoriamente os seus problemas.
Os Juízes não são bem remunerados, trabalham muito pouco e precisam de outra atividade profissional paralela para sobreviver. Em situação oposta, a reverencial profissão de professor. Na sociedade japonesa o professor merece o maior destaque por ser um educador e responsável por espargir conhecimentos e cultura ao povo. E a explicação é lógica: sem Educação o país seria um atraso!
Esta a valorização e reconhecimento daqueles homens e mulheres que fazem da arte do ensino a verdadeira formação do povo. Bem diferente daqui, onde a classe dos professores do ensino elementar enfrenta um apostolado pela falta de reconhecimento, e nas etapas subsequentes protagonizam péssimos exemplos por motivos ideológicos.
Esta a principal razão da péssima formação dos estudantes brasileiros. Condição que não destoa no ensino superior onde a imposição de uma formação política primária e uma estrábica visão da sociedade presta um desserviço à Nação. Claro que nem todos os Mestres têm esta culpa, existem exceções.
Enfim a conversa rendeu um ótimo tema para esta crônica do cotidiano. Cada leitor que tire as próprias conclusões para saber se valeu a pena ler o que escrevi. Sem esquecer que hoje é sábado, dia de jogar muita conversa fora!
"País desenvolvido não tem milhões de processos tramitando na Justiça por que a União, os Estados e os Municípios dificilmente litigam. Ninguém se torna parte para burlar credor, frustrar direito alheio e nem empurrar seus problemas para ganhar tempo. E o ensino tem professores valorizados porque idealistas isentos ideologicamente e muito bem capacitados.”
Edson Vidal Pinto