Vergonha Nacional.
De há muito passou o tempo em que as pessoas negociavam e suas palavras eram suficientes para garantir as obrigações assumidas. Imperava a lei do bigode -, cada indivíduo honrava a palavra dada, sem necessidade de caneta, papel e testemunhas. E ai daquele que descumpria o avençado, porque caía no descrédito e ficava socialmente marginalizado.
Mácula que o pilantra lavava consigo para o túmulo e deixava como legado vergonhoso para sua família. Com o passar do tempo e a chegada da modernidade, a palavra empenhada deixou de valer, a maioria das pessoas não se importam mais em quitar suas dívidas e muito menos que seus nomes fiquem negativado nos Órgãos de Proteção ao Crédito.
É por isto, por mais absurdo que pareça que a antiga obrigação de todos serem honestos passou a ser fantasia a ponto de, sendo verdade de que se é honesto, mereça constar do “curriculum vitae” do bom cidadão ou como bandeira governamental. Quer um exemplo? No último dia 27 de setembro, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), o palestrante Dr. André Mendonça, advogado-geral da União (AGU), deu ênfase na sua peroração ao dizer publicamente com todo o ufanismo que “Estamos há 9 meses sem caso de corrupção no governo”.
Daí é possível dimensionar a que ponto a desonestidade e a corrupção estava impregnada na Administração Publica Federal, com desmandos incontroláveis e gastanças criminosas que arrastaram o país para o lodo. E o pior: tudo feito às claras, com justificativas demagógicas, sob as vistas e complacência da Imprensa, contando com a conivência dos órgãos fiscalizadores (MPF, TCU e Receita Federal) e implementando criminoso assistencialismo eleitoreiro. Sabe lá o que não se passou dentro da Itaipu, dos fundos de pensões, BNDS, Petrobras, diretorias do Banco do Brasil e Caixa Econômica, Correios e demais setores públicos que serviam de cabides de emprego para políticos decadentes, apaniguados e cabos eleitorais.
Só de pensar que estamos há nove meses sem corrupção parece o suficiente para justificar o acerto da eleição do Bolsonaro e dos votos dos eleitores lúcidos que queriam dar um basta à corrupção, desmandos e desordens públicas.
É uma notícia alvissareira que simbolicamente dá início a uma administração séria, devolvendo aos brasileiros a esperança de um porvir venturoso. Só é condenável que os filhos do Presidente pelas suas ações pretéritas e atuais atitudes oportunistas, deslustrem a autoridade paterna; e que o agasalho inoportuno estendido ao ministro do Turismo para permanecer no cargo, não encontre justificativa minimamente plausível. Um governo austero e probo como retratado pelo advogado da União não pode permitir, nem por meras suspeitas, que um ministro permaneça intocável.
Este é o ônus da seriedade que deve ter o homem público no trato dos altos interesses da República. E saber cortar a própria carne é ato de extremo altruísmo, respeito à coisa pública e a melhor maneira de continuar merecendo o respeito dos bons cidadãos. Tudo sem sofismas e nem perda de tempo...
“É difícil lembrar se desde a proclamação da República o governo federal, dentre as administrações dos Presidentes eleitos, tenha no período de nove meses ficado incólume do flagelo da corrupção. E isto está sendo constatado na atual gestão. Com certeza se o Bolsonaro tivesse calado seus filhos, medido suas palavras e demitido o Ministro do Turismo, teria, também, em curto espaço de tempo angariado a respeitabilidade dos bons cidadãos e condições plenas para peitar àqueles que não querem o melhor para o Brasil.”
Edson Vidal Pinto