Você já foi à Roma?
Não sei porquê mas hoje por ser Natal me vem à lembrança a cidade de Roma por ter sido a capital do Império sob o qual Jesus nasceu, viveu e sofreu para dar provas de amor ao próximo. Nenhum Homem na história do mundo é mais lembrado do que Ele, suas pegadas deixaram rastros profundos de amor, tolerância e resignação; isto em uma época de conquistadores, de sociedades de muitos deuses onde a força física era símbolo de liderança e com os poderosos comandando o povo dominado. Ai dos vencidos e dos fracos!
Daquele tempo restou como símbolo do poder as ruínas do Coliseu, local onde os gladiadores foram protagonistas do “circus máximos”, os cristãos lutaram sem chance contra feras famintas, e onde tudo valia nas corridas de bigas. Tudo isto muito vivo na memória do turista que se aproxima da velha construção, onde fora dela circulam (ainda) soldados e centuriões com seus uniformes velhos e encardidos, com espada na cinta e aquele vestidinho típico de “maricas” e todos eles sequiosos que alguém resolva tirar fotos para registrar aquele encontro. O sujeito até faz pose e lhe convida para tirar algumas fotos ao seu lado. E quando você pensa em se afastar o soldado romano exige que você pague pelas fotos que ele posou. Pagamento em euro e tabelado. E não adianta chiar que sempre tem um “polizia” por perto. E quando o turista entra no Coliseu, se tiver memória e conhecimento de história, tudo vale a pena porque a imaginação enxerga o quê um neófito não vê, nesta hipótese tudo não passa de um monte de escombros, galerias vazias, subterrâneos sombrios. Uma ruína e nada mais. Dentre tantos monumentos, praças e lugares históricos, outra meta perseguida pelo turista quando chega em Roma é conhecer a Fontana di Trevi, um local que desperta o amor para quem assistiu antigos filmes italianos e principalmente “La Dulce Vitta” de Federico Fellini onde Anita Ekber entra na fonte e convida Marcelo Mastroiani a fazer o mesmo. Uma cena antológica. E aparece com nitidez as esculturas talhadas em mármore de Carrara. Mas ao vivo não é bem assim : a famosa fonte fica cercada de casarios velhos, com pouco espaço para os turistas se moverem, com centenas de chineses e japoneses tirando fotos de todos os jeitos e se você não for malabarista não vai conseguir nem atirar uma moeda na água do repuxo. A solução vai ser comprar postais com fotografias do local para guardar de recordação ou provar que um dia você quase chegou a ver a cabeça de um dos cavalos ali esculpidos. Mais gente (leia-se turistas) do que em Roma, só em Veneza, mas esta é uma outra história. A cidade tem Igrejas católicas para todos os gostos mas o turista quer mesmo conhecer a Basílica de São Pedro, onde o Papa é o soberano absoluto. Não esquecendo que existe Papa e Papa, o atual é indigesto e está dividindo a Igreja ao professar ideologia política. Embora tenha ateus que o aplaudam. A A Praça frontal também denominada de São Pedro é um espaço que permite aos fiéis e peregrinos se unirem para ouvir a homilia papal; quando ele reza a Santa Missa; quando faz a benção; quando fala para o mundo ou quando o porta-voz anuncia : “Habemos Papa!” O último anúncio ainda não encontrou eco no mundo civilizado. Mas voltando a praça: cuidado onde pisar para não ser pisado pela turma que vem do leste europeu, com suas botinas feitas a martelo, nem para ser golpeado na cabeça por um tabuleta nas mãos de alguma guia turística que comanda essa turba. Com um simples aceno da tabuleta o grupo se desloca como manada de búfalo na pradaria e as pessoas tem que sair da frente para não serem atropeladas. E depois tem a fila para entrar no Santuário. No verão dá para suar até por debaixo da língua; no inverno o difícil é aguentar o ventinho congelante. E quando você entra começa a ver corpos mumificados de alguns Papas, em caixões de vidro, quando de repente fica tudo escuro porque as luzes se apagam. Só quando um turista mais avisado coloca uma moedinha no lugar certo as luzes se ascendem e este ritual se repete a cada três minutos. É um tal de ascende a apaga sem fim. A vista fica toda turva e o turista prossegue vendo esculturas magníficas, capelas, bancos, estátuas religiosas, até alcançar o ponto culminante do Altar onde está situado o túmulo de São Pedro e onde só o Papa pode celebrar a Missa. E ao término da visita se o turista não tiver um razoável preparo físico por certo vai pedir para ir direto ao hotel. Isto sem falar que faltou visitar a Capela Cistina com os afrescos no teto pintados por Michelângelo e o Museu do Vaticano, com centenas de estátuas capadas pelo Papa Pio IX. Mas como viajar é sempre bom conhecer Roma é um passeio e tanto, trafegar pelo trânsito nervoso onde as motonetas dividem espaços com os mini carros e os guardas de trânsito xingam até a própria mãe. Tudo dentro do típico figuro do gentil povo italiano. O mais engraçado que em Roma o turista só conhece a cidade velha e a nova Roma, com edifícios suntuosos e butiques de alto estilo, ninguém quer conhecer.
Portanto, se você ainda não foi à Roma, procure conhecer os três lugares que indiquei nos horários de menor pico, pois suportar multidão de turistas com celulares e loucos para tirar fotografias, sinceramente, é melhor assistir tudo pelo YouTube…
“Roma não foi feita para turistas amadores e sim para aqueles que são amantes das artes, da história e dos bons pratos. Não esquecendo de que lá existe o melhor sorvete do mundo. E não esqueça de levar muita paciência na mala, para aguentar os turistas mais apressados.”