Voltando à Sala de Aulas.
Foi ontem na tarde fria e chuvosa que participei como voluntário do “Programa Justiça nos Bairros”, chancelado pela 2a. Vice Presidência do Tribunal de Justiça da titularidade do des. José Laurindo de Souza Netto, que tem por finalidade mostrar aos alunos do quinto ano do Ensino Fundamental a importância da Justiça no contexto da sociedade democrática.
Pelo figurino idealizado pelo seu criador des. Rui Portugal Bacelar Filho, a intenção é levar um Magistrado, um agente do Ministério Público e um advogado para o interior da sala de aula e bem próximo dos alunos, a fim de falarem sobre suas respectivas profissões. Dias antes os alunos visitados receberam uma revista em quadrinhos que mostra a história da República, a importância do Regime Democrático e discorre sobre a divisão dos Poderes Constituídos.
É uma revista de leitura didática que vale como uma aula de Moral e Cívica. A nossa saída foi da porta principal do Tribunal com a companhia do Sr. Vilmar, assessor da Presidência, mas sem o Promotor de Justiça que adredemente convidado não compareceu; daí fui incumbido de suprir sua falta pois militei na carreira do Ministério Público trinta anos, três meses e três dias para depois então ser nomeado Juiz de Alçada e Desembargador, prestando serviços ao Poder Judiciário por quase dezessete anos.
E para minha surpresa o advogado convidado para participar foi o Dr. André Portugal Cezar, que eu conheci quando o mesmo era adolescente e por ser amigo do meu filho mais velho. E animados em cumprir nossa missão lá fomos nós para o bairro do Uberaba até o Grupo Escolar Municipal Dona Lula, apelido de uma conhecida e respeitável educadora daquela região da cidade.
Fomos recepcionados pela diretora do estabelecimento e pela professora do quinto ano e quando entramos na sala deparamos com um número de trinta alunos, com a idade de 10 anos. Procuramos motivar o máximo a nossa conversa para despertar a atenção de todos e acho que conseguimos, pois eles participaram ativamente com perguntas. Fiquei surpreso com a curiosidade que demonstraram sobre a Justiça, inclusive eu contei detalhes sobre a mitológica figura da deusa Themis.
Conversamos com muito cuidado, medindo as palavras para que os alunos pudessem entender a mensagem que queríamos dar e a intenção de despertar em cada um o valor da Justiça para a harmonia social.
E os alunos estavam tão descontraídos que até falaram sobre bullying tema tão em voga nos pátios escolares. E não nos furtamos em comentar e criticar os autores de tão reprovável prática. E quando só o Dr. André falava eu aproveitava para respirar fundo o ar juvenil que exalava naquela sala de aula, para me transportar mentalmente aos tempos de minha meninice. Nem parecia que eu tenho setenta e quatro anos de idade, pois estava absorto no ambiente e gratificado por participar daquela reunião com crianças tão espertas.
E satisfeitos pelo dever cumprido retornamos ao Tribunal de Justiça. Mas o programa oficial não terminou neste único episódio, pois no segundo semestre está agendada a visita destes alunos, bem como de outras escolas visitadas, ao Tribunal onde terão a oportunidade de visitar suas dependências, o Museu da Justiça, o mural com a fotografia de todos os desembargadores desde a emancipação política do Paraná do Estado de São Paulo, e assistirão a um julgamento de uma das Câmaras Colegiadas.
E na última etapa os alunos das escolas visitadas deverão escrever uma redação sobre a Justiça, sendo que as melhores selecionadas darão ao seus autores o direito de receberem a Medalha do Tribunal de Justiça. A intenção do programa é formar bons cidadãos. Confesso que no final cansei, mas foi um cansaço repleto de satisfação pessoal...
“O Programa “Justiça nos Bairros” conta com as participações de Operadores do Direito. E todos são voluntários que não medem esforços em colaborar para que as futuras gerações tenham o discernimento suficiente de respeitar e cumprir as leis do país. É o melhor caminho para uma Pátria livre, justa e solidária!”
Edson Vidal Pinto