Voltarei Corrupto Ou Anistiado
Quando morrer para depois reencarnar quero ter a opção de voltar à vida como corrupto ou anistiado, pois de uma vez por todas, chega de ser honesto. Isto é, se eu voltar nascer no Brasil. Sim, por quê pensando bem, quais as vantagens de ser um cidadão honesto? Uma das mais chatas é pagar tributos exorbitantes; na declaração do Imposto de Renda se errar na soma dos ganhos ou débitos ser tratado como bandido, por ser um sonegador em potencial; para abrir conta no banco o gerente exige mil e um documentos; para um empréstimo em casa comercial ter que provar onde mora exibindo pagamentos de luz, água e telefone, pois só a palavra não vale nada; viajar para o exterior não poder levar mais do que cinco mil dólares; se cometer uma mínima infração de trânsito o nome vai parar na “Tribuna”; e assim por diante, tudo que for feito ou deixado de fazer é fiscalizado, criticado e todo mundo mete o bedelho. Por acaso você viu alguém criticar o Beira Mar, a Vovó Mafalda ou o Metralha 888?
Não, não é mesmo? Pois todos tremem de medo. O Luiz Ignácio é exceção, todo mundo critica, porque ele é bebum e fanfarrão. Quem assistiu o filme “O Poderoso Chefão” de Mário Puzzo, sabe muito bem do que estou falando. Pois é, quando eu reencarnar quero ser o chefão do Morro do Alemão e receber gente fina para dialogar como o Dino e seus policiais federais, nada de gente honesta e sem um pingo de desonestidade. Vou vender coca até na saída da Igreja. E duvido que eu possa ser preso, mas, se for perseguido, vou me esconder em um acampamento qualquer do MST. Ninguém vai me encontrar. E para encher o saco dos cidadãos vou invadir supermercado só para dialogar com os polícias. Mas, também posso voltar ao mundo como um anestiado, depois de morar em Paris ou em outro país tão chato, fingindo fugir dos militares (de verdade), comprar propriedade no exterior, para depois retornar de volta para o Brasil feliz e faceiro, e, claro receber pensão milionária do Estado até o fim da minha vida. Um vidão e tanto. Vou vestir boné do Che, bombacha do Goulart e lenço vermelho no pescoço do Brisola, vou me filiar no PT ou no PSOL e quem sabe postular a Presidência da República. Se chegar lá quero fazer uma comemoração de 7 de setembro só para que eu sozinho possa desfilar em carro aberto. Mas, seja ressuscitar corrupto ou anistiado, quero roubar e furtar tudo que estiver ao meu alcance, ficar milionário e viajar com trezentos mil dólares para o exterior, sonegar o imposto de renda, não pagar nenhum tributo e figurar como um dos maiores devedores da União, estados e municípios. E ninguém vai me cobrar. Quero dever muito dinheiro para não pagar um níquel e debochar da cara dos credores. O meu nome será mais sujo que pau de galinheiro, mas vou portar na cinta um “38” para ser admirado pelos “Manés”. Vou ter, não um Fiat 147, mas duzentos deles, igualzinhos, estacionados na garagem da de minha pequena mansão de 54 banheiros e 7 piscinas, uma para cada dia da semana. Quero, principalmente, ser amigão do Luiz Ignácio e da tia Janja para viajar no avião do governo para Nova Yorke, comprar mil babilaques e ser convidada para os 234 anos do aniversário do don Sarney. Vou ter uma vida de lorde, ou até de rei, se o Luiz Ignácio resolver me nomear para o STF. Será tudo uma questão de oportunidade, afinal neste país, a desonestidade sempre tem no Ofício Público um lugarzinho reservado para os companheiros do crime…
“Ser honesto no Brasil é ter atestado na testa de “Mané” -, sujeito chato, trabalhador, cumpridor das leis e bom chefe de família. Melhor é ser corrupto para ser no mínimo político, ou anistiado, um cara de sorte, pois mesmo não tendo sido perseguido, mas como morou em algum país da Europa, foi recebido como herói e ganha polpuda pensão do Estado. Os honestos só colheram pauladas e incertezas.”