A Feijoada do Espanhol
Situado no Centro Histórico de Curitiba, o restaurante São Francisco, fundado em 1955, é o único da velha guarda que ocupa o mesmo endereço há 61 anos. Fundado pelo espanhol Secundino Muiños Suarez continua lá, administrado hoje por seu filho Valentim Muiños Vasquez — desde 1961 atrás do balcão do bar. Sua esposa, Antônia, comanda o fogão e dá tempero aos deliciosos pratos servidos pelo restaurante.
O cardápio, é relativamente extenso. Forte mesmo é o prato do dia, comida simples, mas caprichada, saborosa, substancial, totalmente sem frescura como gostamos. Igual, talvez em Curitiba só o Restaurante Imperial.
O garçon Ervino Plucinik (conhecido por Alex, por causa do antigo craque de futebol, com quem se parecia fisicamente) está na casa desde 1968. Saiu por algum tempo, mas retornou, recebendo hoje a terceira geração de clientes. Conta orgulhoso que, depois da primeira vieram a segunda, e agora são os netos que frequentam o estabelecimento e saboreiam os mesmos pratos pedidos pelos avós.
Um exemplo é a rabada à moda da casa, preparada em panela de ferro e fogão a lenha. Para quem aprecia como eu, poderia ser degustada de joelhos.
Como outros restaurantes curitibanos, além do variado cardápio com carnes e massas, o São Francisco obedece à rotina de repetir seus pratos seguindo os dias da semana.
Segunda-feira é dia do Virado à Paulista e Língua com Ervilha; na Terça serve Dobradinha e a Posta Recheada; às Quartas-feiras, os frequentadores tem dois tipos de Feijoada (a normal, e a magra, para quem tem um olho na mesa e outro no colesterol).
Quinta-feira é o dia da Rabada – mas também há o Leitão à Brasileira e o Fígado à Portuguesa. Na Sexta-feira, a Costela de Forno o Mocotó e o Puchero (cozido espanhol), fazem o deleite dos ilustres frequentadores.
No Sábado, serve a tradicional Feijoada, que aliás, como nas Quartas-feiras, é um dos pratos mais pedidos, junto com o Alcatra Completo, que serve (e muito bem) duas ou até três pessoas.
Por suas raízes, o São Francisco não poderia deixar de oferecer, uma das melhores (é o que dizem os especialistas) Paellas da cidade. Prato típico espanhol, preparado de forma artesanal, leva arroz, legumes, peixes e crustáceos. Apesar de constar no cardápio, não se pode chegar lá e saboreá-la, sem que a tenha encomendado.
Além da boa comida, o São Francisco, como a maioria dos restaurantes tradicionais de Curitiba, é um lugar cheio de histórias.
É muito frequentado por radialistas esportivos e ex-jogadores de futebol (principalmente do Coritiba, time do coração de seu Valentim).
Costumam reunir-se no salão dos fundos, ao lado do balcão. Ali, é fácil ouvir histórias de outros tempos do futebol paranaense e de uma Curitiba que quase não existe mais.
Capitão Hidalgo, que marcou época no Coritiba dos anos 70, conta, numa coluna de jornal (orgulhosamente exposta numa das paredes do restaurante), que ele, Dirceu Krüger e tantos outros, costumavam ir ao estabelecimento para tomar uma cerveja após os treinos.
Pegava mal, claro.
Então o Valentim fechava um dos salões para proteger os boleiros de olhares curiosos. E a turma se esbaldava.
Bem, para quem gosta de comer bem, em um lugar simples e totalmente sem frescura, como eu gosto, bater papo, ouvir boas histórias e tomar cerveja gelada, fica a dica.
Por hoje é isso, e para não esquecer, naqueles botecos que tiverem a possibilidade, façam como eu, peçam NO BALCÃO SEM FRESCURA....
#fui
RESTAURANTE SÃO FRANCISCO
Endereço: R. São Francisco, 154 - Centro
Telefone: (41) 3224-8745