O Rei da Batida e a Maracujuca
O fato dos bares curitibanos serem redutos masculinos com restrições às mulheres tem um capítulo interessante na história.
Abaixo, uma passagem retirada do “Compêndio” História dos Bares e Restaurantes de Curitiba, relata um fato curioso.
Em meados da década de 1970, um grupo de jornalistas liderado pela jornalista pioneira Rosy de Sá Cardoso decidiu quebrar essa regra e escolheu como palco de sua “revolução” o famoso Bar Bom Paladar, mais conhecido como o Bar do Ivo, localizado à Rua Carlos de Carvalho, 122.
O Bar do Ivo, tornou-se conhecido nacionalmente pela fama de suas batidas. Em um pequeno estabelecimento, Ivo Pschra preparava mais de 60 sabores de batidas como chocolate, morango, figo, coco, ameixa, amendoim, castanha, goiaba, abacate e até de ovos de codorna. Essa habilidade com os sabores rendeu a Ivo o título de campeão no 1º Festival Brasileiro de Batida, realizado entre os dias 10 e 13 de setembro de 1970, no Clube Solar dos Amigos, em São Paulo.
Único representante do Paraná, Ivo concorreu com outros 45 participantes e levou o título com a “Maracujá-Revelação 70” que depois foi rebatizada como “Dedo-Duro”, e fez com que Ivo Pschra se tornasse nacionalmente conhecido como o “Rei das Batidas”. A filha de Ivo, Marivane Pschra, conta que o nome “Dedo Duro” veio do sinal positivo que os clientes faziam quando provavam a batida campeã. Pois, bem esse prêmio que lhe rendeu o reconhecimento acabou por lhe trazer algumas surpresas.
Rosy e outras jornalistas chegaram ao “Rei das Batidas” e com um abaixo-assinado em punho reivindicaram o seu direito à batida premiada. O acontecimento, que já foi notícia na imprensa, fez Ivo rever sua regra de não permitir a frequência das mulheres em seu estabelecimento. O documento intitulado “É uma luta para ter o Direito à Batida Vitoriosa” apresentava argumentos mais do que convincentes sobre o porquê que a presença da mulher deveria ser permitida.
Neste dia, elas saíram vitoriosas.
Infelizmente, não tive a oportunidade de degustar uma dessas raridades preparadas pelo Ivo, mas nem por isso, deixo de tomar uma batidinha quando estou no boteco.
Uma das minhas preferidas, a “Maracujuca”, é feita sem segredos e de maneira simples e sem frescura, exatamente como eu gosto. Pode ser apreciada no “Bar do Juca”, o tio do “Xixo” (espetinho do Xixo), acompanhada de um bate papo descontraído com os frequentadores do estabelecimento. Seu Juca é uma pessoa extremamente simples e divertida, que recebe em seu estabelecimento desde desembargadores, advogados, e simples mortais como eu e meu amigo de “Maracujuca”, o Dr. Sérgio Costa, vulgo Serjão, uma grata revelação da advocacia criminal de nosso Estado, e Presidente dos Death Bikers M.C.. O Bar é simples, tem apenas um balcão e a degustação da iguaria é feita em pé com o cotovelo no balcão. Para quem gosta desta excelente combinação como eu, bebida gelada, boa prosa e lugar agradável, fica a dica.
Bem, por hoje é isso aí.....
Lembrem-se, minha dica é uma só, naqueles botecos que tiverem a possibilidade, façam como eu, peçam NO BALCÃO SEM FRESCURA....
#fui
Bar do Juca
Endereço: R. Atílio Bório, 1892 - Hugo Lange, Curitiba - PR