Luciano Szafir estrela filme baseado em conto de Leon Knopfholz
Um médico judeu descrente, totalmente cético, é o personagem principal do filme "O Despertar de Solomon", que começou a ser rodado em Curitiba com o ator Luciano Szafir. Com direção de André Faria (Prata Palomares), o filme é baseado na obra literária do curitibano Leon Knopfholz, também autor do roteiro em parceria com Thais Soler e com o diretor; e é co-produzido por Marcos Cordiolli (O Sal da Terra, Curitiba Zero Grau).
O conto em questão, que tem o mesmo nome do filme, foi publicado no livro muitas vezes premiado "Confissões Silentes". E pretende inserir a temática judaica num importante patamar da produção cultural brasileira, como avalia Knopfholz. Segundo ele, o filme é "uma metáfora da cultura intelectual judaica da primeira metade do século XX, construído em camadas para possibilitar múltiplas narrativas múltiplas".
Esse mergulho no cenário do pensamento judaico, onde racionalismo e metafísica se contrapõem, mas também se superpõem, é inspirado na escrita do prêmio Nobel de Literatura Isaac Bashevis Singer, cuja obra aborda questões universais em contexto judaico, em situações que se passaram na Polônia no final do século 19 e começo do 20. Leon Knopfholz adaptou o estilo para a Curitiba contemporânea, mas desenvolveu estilo próprio, demonstrando uma rara habilidade de cronista.
A narrativa em dois tempos traz um Solomon jovem, na altura do Bar Mitzvah, interpretado pelo ator Fhelipe Gomes, do SBT. Um adolescente mergulhado na cultura religiosa judaica que se decepciona com os desígnios de Deus e se transforma num médico de grande sucesso, justamente tentando provar a inexistência da alma. Mas uma inesperada e forte experiência metafísica o desafia a rever o passado e suas convicções.
O projeto está sendo financiado com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e já demonstra potencial para "inaugurar expressivo filão de filmes judaicos, como já ocorre nos EUA e Europa", conforme avalia Knopfholz. O ator Luciano Szafir também se diz contente em participar desta obra, especialmente por enfocar a temática judaica, da qual ele sente falta no cenário brasileiro.
O diretor André Faria, com carreira nacional de produtor e roteirista, é mais conhecido pelo filme já mítico Prata Palomares, de 1971, que teve roteiro do José Carlos Martinez em parceria com o próprio André, e com cenografia e figurinos da Lina Bo Bardi. O filme deveria ter estreado no Festival de Cannes, mas foi impedido pela ditadura militar que governava o Brasil de então.
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