Maior evento de enogastronomia portuguesa no Brasil vem a Curitiba
Provar doze azeites, sardinhas portuguesas, geleias e mais de 130 vinhos de Portugal, Espanha, Chile e Itália conversando com os produtores. Ouvir suas histórias, tirar dúvidas e escolher entre os melhores rótulos do mundo, levou mais de 300 pessoas ao 10.º Passeio Enogastronômico da Adega Alentejana, na última terça-feira, dia 17 de abril, no Clube Curitibano.
Organizado pela Adega Presenza, distribuidora de vinhos com 25 anos de mercado, com o Clube Curitibano, o evento foi muito elogiado pelos enólogos e produtores participantes que passaram por cinco capitais brasileiras antes de chegar ao Paraná. Segundo eles, a capital paranaense tem um público que conhece e aprecia a produção portuguesa.
Portugueses superam argentinos no Brasil
Manoel Chicau, sócio-proprietário da Adega Alentejana, diz que, no Brasil, os vinhos portugueses já superam outros mercados e ganham a segunda posição, ultrapassando a Argentina. Atualmente, no mercado de vinhos o Chile lidera, seguido de Portugal e Argentina. Para ele, o Brasil vive um ótimo momento no mercado de vinhos, especialmente o Paraná. “As pessoas sabem escolher um bom vinho e em Curitiba, as perspectivas são as melhores. A Adega Alentejana cresceu 21% ano passado e as projeções para 2018 são de crescermos o dobro”, diz.
Mulheres no mercado de vinho
“O vinho como matéria viva precisa de descanso e tempo para melhorar e ficar harmonioso dentro da garrafa”, diz Margarida Cabaço, produtora da Montes dos Cabaços. Portugal sempre teve tradição na produção de vinhos e, mais recentemente, diversos produtores e enólogos contemporâneos surgiram neste mercado com muito sucesso. “As pessoas buscam novidade, um sabor novo, inusitado”, explica Margarida. Em 2015, a produtora conseguiu o feito de ter o seu tinto Margarida Reserva, na 22.ª, posição entre os 100 melhores vinhos do mundo.
O segredo, segundo ela, da excelente produção em 2007, foi o tanino equilibrado, o aroma fresco, muita fruta e boa acidez. De todas as uvas colhidas para os blends, escolher as melhores misturas para colocar nas barricas. “Naquele ano, quase toda a produção poderia ir à barrica e dar origem a reserva. Isso nos levou a estar entre os 100 melhores”, diz Margarida, que trouxe ao evento a produção de suas cinco referências da região do Alentejo, sub-região de Borba, com destaque para o vinho branco Monte dos Cabaços Colheita Selecionada, um dos mais procurados no passeio enogastronômico.
Margarida lembra que o universo dos vinhos era tido como dos homens. A mulher como produtora, enóloga e consumidora, ainda está conquistando espaço, em Portugal, no Brasil e no mundo. Para ela, a mulher tem um potencial de degustação muito superior, carregado de sensibilidade. Criada em meio às vinhas, busca inspiração na comida e no vinho que produz. “Cozinhar os meus pratos e produzir o meu vinho é estimulante e harmonioso. São duas vertentes que se completam”, comenta.
Altos e baixos
Jorge Moreira, enólogo e produtor de vinhos há 22 anos, participou do evento representando três vinícolas diferentes do Douro: Lavradores de Feitoria, Quinta de La Rosa e Quinta do Poeira, na qual é o produtor. Seus vinhos são vendidos no mercado brasileiro há mais de vinte anos. Um mercado, segundo ele, com altos e baixos e que passa por um momento difícil em função da instabilidade da economia. Ainda assim, há grande aceitação de seus vinhos. “Temos muitos brasileiros a visitar Portugal, temos uma aliança muito forte com o Brasil, mas ao mesmo tempo, nossos vinhos ficam mais caros, devido ao imposto. Essa é a grande dificuldade para vender mais vinhos portugueses, embora a aceitação seja enorme”, enfatizou Moreira.
Mais de 300 anos de história
A Quinta do Noval é o registro mais antigo de produção de vinhos presente no evento. A colina de 145 hectares no Vale do Pinhão, coração do Douro, historicamente produz vinho do Porto desde de 1715. Desde o ano 2000, começou a produzir vinhos tinto e branco, rótulos apresentados no Road Show.
A embaixadora da marca, Ana Rita Carvalho, explicou que o vinho do Porto produzido pela Quinta do Noval há 300 anos representa 80% das vendas e o restante, 20% são as demais produções da vinícola. “O vinho pode envelhecer na garrafa por 30 anos e o nosso Porto, em especial, é não filtrado, é intenso e encorpado.”
Duas semanas, onze cidades, e a maratona do vinho prossegue. Aos paranaenses, o saldo é positivo, com excelentes perspectivas e um mercado em expansão. A renda obtida com a venda dos ingressos será integralmente revertida ao Pequeno Cotolengo, eleita em 2017 pelo Instituto Doar e revista Época, a melhor ONG para se doar da região Sul do Brasil e uma das 100 melhores do país.
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