Na contramão da gourmetização: empresário deve faturar quase R$ 60 milhões em 2019 com hambúrguer e chope de R$ 10
As marcas Mr. Hoppy e Porks – Porco & Chope somam, juntas, 48 lojas em quatro regiões do país (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste) em menos de quatro anos de história. No ano passado, as duas redes atingiram faturamento bruto de R$ 30 milhões, e a projeção é de fechar 2019 com um valor aproximado de R$ 57,6 milhões. Hoje, o Mr. Hoppy está presente, ao todo, em oito estados, com 38 lojas, e o Porks com 10 unidades divididas em quatro estados brasileiros.
A primeira unidade do Mr. Hoppy foi inaugurada em fevereiro de 2016, e o processo de franquia começou em outubro de 2017. Ou seja, a expansão da rede se deu em menos de dois anos. Com o Porks, o processo foi semelhante: a rede, especializada em preparos com carne de porco, começou por Belo Horizonte, chegou a Curitiba e, aos poucos, foi se expandindo para outras cidades (Brasília, Piracicaba e São Paulo). Atualmente, a rede comercializa 10 toneladas de carne suína por mês e, até o final de 2020, pretende aumentar este número com a abertura de dez unidades na capital paulista.
O fundador das duas redes, José Araújo Neto, apostou na contramão da gourmetização. Na rede Mr. Hoppy, ele tem como sócio o empresário Vinicius Sampaio. Seu modelo de negócio prevê comidas (hambúrgueres e lanches à base de carne de porco) e bebidas (o chope artesanal) a preços acessíveis, na faixa de R$ 10. No cardápio do Porks, por exemplo, se destacam o Porks Bacon Burger (R$ 10), preparado com burger de costelinha de porco, creme de cheddar e tiras de bacon crocante; e o Pernil Municipal (R$ 10), um sanduíche de pernil de porco marinado por 12h, coberto por queijo mozzarella e cheiro verde. Para quem curte ótimos petiscos, a rede trabalha, ainda, com uma série de opções criativas e com sabores inconfundíveis, entre eles a Porkspóca (R$ 10), pururuca de porco crocante temperada com sal de lemon pepper; e o Torresmo de Tira (R$ 10), tradicional torresminho servido em tiras crocantes.
A confiança no modelo de negócio é tamanha que Araújo Neto está investindo em mais uma rede: o Little Joe Pizza Bar, funcionando há um mês em Belo Horizonte. Trata-se de uma rede que vende pizzas, vinhos, espumantes e drinks a valores entre R$ 10 e R$ 15. Para chegar a esses preços, o empresário buscou reduzir diversos custos: por isso, as unidades não contam com a figura do garçom e do caixa. O cliente pede lanches e bebidas e os retira por conta. Dessa forma, diminuem-se os custos e a burocracia. “Nós vendemos produtos de desejo a um preço acessível: chope e hambúrguer artesanais. Além disso, o cliente ouve uma música de qualidade sem pagar couvert, já que isso é uma prerrogativa do ambiente, do negócio”, avalia.
Antes disso, Araújo Neto apostou em um restaurante italiano que teria custos mais baixos. “Foram dois anos e acabei vendendo. A experiência foi ótima, porque o ambiente não era propício para o modelo. Era convidativo e as pessoas ficavam muito tempo nele. Além disso, optei por um lugar com menos circulação de pessoas, o que não gerava o volume necessário. Dois aspectos que foram corrigidos para o Mr. Hoppy e o Porks”, pondera.
Caminho tortuoso
Inicialmente, Araújo Neto tentou expandir o bar que administra em Curitiba, o Quermesse, para Belo Horizonte, mas o procedimento se tornou muito complexo. “O cliente exigia um tipo de serviço mais sofisticado. Para mim, foi muito difícil em razão da gama de processos e não tive sucesso. No entanto, continuei buscando alternativas que propiciassem fazer a expansão de negócios”, diz.
Essa experiência em um estabelecimento com um cardápio mais amplo e especializado trouxe uma nova visão de mercado. “Atuando no bar, percebi algumas variáveis que demandavam mais custo: cardápio muito extenso, tipo de mão de obra mais especializada e cara para executá-lo; e a adequação do tipo de serviço ao cardápio. Tentei montar modelos que fossem o oposto do Quermesse”, conta.
Para Araújo Neto, a crise vivida pelo Brasil nos últimos anos foi uma oportunidade para o modelo de negócios que desenvolveu. “Tornamos o hambúrguer e o chope artesanais acessíveis para todos. Isso ampliou o nosso espectro de clientes, pois existe a possibilidade de a pessoas gastar a partir de R$ 10. No modelo de negócio tradicional de bares, dificilmente vai gastar menos de R$ 50”, relata.
Antes de acertar com o Mr. Hoppy e, em um segundo momento com o Porks, o empresário também investiu nos food trucks: no entanto, o foco era vender bebidas dentro desses carros, um beer truck. “Antes, o chope artesanal era vendido só em barracas. A ideia era vendê-lo em volume, em eventos, para baixar o preço. Queríamos tirar o estigma de que o chope artesanal precisava de um copo de vidro, de um momento especial”, completa.
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