Organizações Ágeis: muito além do home office e da pandemia
Por Enio Klein, CEO da Doxa Advisers, professor de Pós-Graduação na Business School SP, especialista em Transformação Digital, em vendas, experiência do cliente e ambientes colaborativos
Nunca foi tão importante para todos nós, seja como sociedade, seja como organização, responder rápido às mudanças e adaptar-se às novas circunstâncias. Empregado desde a década de 90, pelo U.S. Army War College, para explicar o mundo no cenário pós-Guerra Fria, a sigla VUCA (do inglês, Volatility, Uncertainty, Complexity, Ambiguity), ou Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo; passou também a ser usado por empresas, organizações, governos e instituições de ensino para descrever, de maneira geral, diferentes cenários desafiadores e complexos. O “Mundo VUCA” significa a síntese das características do mundo onde vivemos e a velocidade com que suas diversas perspectivas se transformam.
O conceito de “Organização Ágil” surge deste cenário, como sendo rápida em responder às mudanças no mercado ou no ambiente, e focada nas necessidades de seus clientes, que exigem ofertas personalizadas em vez de padronizadas. São compostas por indivíduos habilidosos, muito preparados, autoconscientes e que têm no trabalho em equipe a comunicação aberta, colaboração e o compartilhamento. A perspectiva da localização física deixa de ter importância na mesma proporção em que a tecnologia torna possível a colaboração em tempo real, com plataformas cada vez mais robustas e amigáveis. Talento sob demanda independente da geografia.
A pandemia certamente colocou cores muito fortes no que se pode chamar de incerto e volátil. De um momento para o outro, fomos obrigados a mudar a forma pela qual fazíamos as coisas. De simples refeições em restaurantes a complexas operações comerciais ou industriais. Ciência, tecnologia e negócios em combinações diferentes trouxeram alternativas para seguirmos em frente. De repente, em muitas situações, a alternativa do trabalho à distância se tornou a única para que este pudesse ser realizado, e mesmo as organizações mais resistentes foram forçadas a se apoiar no home office para continuar a operar. O resultado surpreendeu os mais céticos, a ponto de se pensar fortemente em um modelo de trabalho mais flexível no futuro, onde a mescla do trabalho remoto com o presencial poderia ser uma solução para um melhor equilíbrio da qualidade de vida, de custos e produtividade.
As “Organizações Ágeis” têm no resultado entregue pelas equipes o seu grande trunfo: trabalho realizado com deslocamentos mínimos, seja de casa, seja de um coworking, tornando muito mais efetivo o aproveitamento do tempo e a melhora na qualidade de vida. A possibilidade de quebra do paradigma geográfico permite que elas possam adquirir os melhores profissionais sem ter que tirá-los de seus locais de origem, o que amplia as possibilidades de trabalho para mais pessoas, com menor investimento.
Muito mais do que a adoção do home office, a jornada rumo às “Organizações Ágeis” é uma transformação positiva na forma de trabalho dos próximos anos. Mas, ainda há muito o que fazer. A cultura organizacional precisa mudar, no sentido de compreender melhor, a nova dinâmica do trabalho e a forma de gerenciar e controlar suas pessoas. A tecnologia também tem um papel muito relevante, seja ao disponibilizar ambientes virtuais de trabalho, onde a simulação dos ambientes físicos de trabalho compensa as desvantagens da convivência física, seja promovendo o uso de aplicativos de colaboração e produtividade integrados a uma infraestrutura robusta de segurança da informação para proteger, ao mesmo tempo, os dados das organizações e das pessoas.
As “Organizações Ágeis” são mais resilientes, mais rápidas, mais lucrativas e têm na motivação e no talento das pessoas a sua base de sucesso. Está na hora de iniciar essa jornada.
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