Vendas On-Line crescem como modelo de negócio
Soluções compartilhadas de e-commerce são ações de curto prazo sugeridas nas Rotas Estratégicas lançadas pelo Sistema Fiep em janeiro
As vendas on-line, que já eram realidade nas últimas décadas, ganharam força e se consolidaram com a pandemia. Um levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com a Neotrust, apontou que, em 2020, o comércio eletrônico brasileiro cresceu 68% em relação a 2019. Para este ano, as expectativas continuam otimistas, já que a Ebit/Nielsen projeta crescimento de 26% no faturamento do comércio eletrônico.
O desenvolvimento de soluções compartilhadas de e-commerce é uma das ações de curto prazo definidas pela Rota Estratégica para o Futuro da Indústria do Paraná – 2031 (Setor Têxtil, do Vestuário e de Artefatos de Couro), lançada pelo Sistema Fiep em janeiro passado.
O estudo, conduzido pelo Observatório Sistema Fiep, aponta 324 ações de curto, médio e longo prazos para que o Paraná se torne referência em moda sustentável, inovadora, competitiva e reconhecida internacionalmente. “A observação dos novos comportamentos indica que as compras on-line serão um dos fatores-chave para o sucesso no segmento de produtos de consumo”, destaca Marilia de Souza, gerente executiva do Observatório Sistema Fiep.
O consumo digital, definido como a ampla utilização de plataformas virtuais para aquisição de produtos ou contratação de serviços relacionados à moda, também é apontado no estudo. “Entender essas tendências pode contribuir para sobrevivência, o desenvolvimento e a competitividade de toda a cadeia”, conclui Marilia.
Para disseminar a cultura do e-commerce nas indústrias, o Sistema Fiep também foi atrás de empresários especializados na área. Para Sacha Juanuk, coordenador do projeto de omnistore da Mormaii, e Felipe Dellacqua, vice-presidente de vendas na VTEX, especializada em e-commerce, aderir às vendas por meios digitais é uma forma eficiente de manter a sustentabilidade dos negócios. Mas antes de começar é preciso conhecer as possibilidades, já que montar uma estrutura de loja virtual pode ser um desafio, especialmente para micro e pequenas empresas, pois requer investimentos, além de conhecimento de tecnologia.
“Desde o fim de março do ano passado, o varejo eletrônico decolou de forma acelerada e, no segundo trimestre, algumas operações de e-commerce faturaram até cinco vezes mais do que antes da pandemia. Enquanto isso, as vendas em lojas físicas ficaram estagnadas”, explica Dellacqua. As compras em ambientes virtuais tornaram-se um hábito entre muitos brasileiros, o que foi potencializado com a possibilidade de adquirir itens essenciais, como medicamentos e alimentos. “As empresas que já estavam preparadas conseguiram aproveitar o momento e focar em canais digitais”, complementa.
Mas sempre é tempo de se adaptar às mudanças. Embora o consumidor nacional ainda tenha preferência por lojas físicas, há muito a ser explorado no que diz respeito ao e-commerce. “Os brasileiros gostam de ir à loja, mas o fato de poder comprar on-line e retirar no ambiente físico, ou seja, um modelo híbrido, tem atraído cada vez mais o público, por isso acredito que o on-line pode até beneficiar as lojas físicas”, comenta Juanuk.
Dinamismo e iniciação
As possibilidades de comércio pela internet são muitas e vão desde a comercialização de produtos por redes sociais até estratégias que podem envolver um site próprio ou um que oferece produtos de marcas diversas. Cada modelo tem suas vantagens.
Uma plataforma própria da empresa possibilita obter mais dados do consumidor para depois se relacionar com ele. Já um marketplace, em que vários lojistas anunciam seus produtos, pode ser mais vantajoso em termos de volume de vendas e redução de custos logísticos. Mas independentemente do formato, há desafios. “Há vários tipos de empresas, com tributos diferentes em cada estado, o que cria uma complexidade grande para operacionalizar as vendas nas operações digitais”, explica Dellacqua.
Para quem quer começar a vender virtualmente, algumas dicas são fundamentais. “Quem trabalha com comércio eletrônico precisa sempre estar atento a métricas e indicadores para ter mais qualidade financeira nos resultados”, orienta o vice-presidente de vendas na VTEX. “O mais caro nesse tipo de negócio é o marketing, o investimento em mídia. Por isso é importante contar com quem entenda do universo digital”, completa. Além disso, uma equipe que faça a interação com os consumidores nas plataformas também é essencial.
Já Sacha Juanuk chama a atenção para o foco em resultados. “Caso se opte por um marketplace, é necessário que ele tenha convergência com a identidade e o público da empresa”, recomenda. “Deve-se levar em consideração sempre uma plataforma que tenha aderência com a sua marca, que gere identificação no seu consumidor”.
Além disso, Felipe Dellacqua destaca que é importante não depender de uma só plataforma. “Vender em marketplaces costuma trazer bons resultados, mas quando se aposta tudo em um só local, cria-se um risco para toda a operação. O ideal é apostar em sites multimarcas, vendendo em pelo menos três deles”, sugere.