Reciclagem na moda é alternativa para diminuir a poluição do planeta
A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, perdendo apenas para a indústria do petróleo. Porém, uma das mais antigas práticas do setor, o reaproveitamento de peças – atualmente chamado de reciclagem ou customização – pode ser uma excelente aposta para deter a poluição ambiental gerada pela indústria têxtil.
O poliéster, fibra sintética mais usada na indústria têxtil, gasta 70 bilhões de barris de petróleo para ser produzido e demora 200 anos para se decompor na natureza. A viscose, tecido feito a partir da celulose, é responsável pelo corte de 70 milhões de árvores anualmente. Só para produzir uma calça jeans de alta qualidade são usados 3.480 litros de água que equivalem a 53 chuveiradas de sete minutos. Fora as substâncias tóxicas, como inseticidas e pesticidas, usadas na plantação de algodão.
A reciclagem de roupas é um grande aliado na transição para um mundo mais sustentável. A estilista e costureira Carol Nogara é adepta do slow-fashion como alternativa à produção em massa e luta pelo consumo consciente. “A moda não é descartável. Dá para reciclar. Comprar peças baratas que não duram pode sair mais caro ao meio ambiente e ao próprio bolso. É importante reciclar ou comprar peças mais duráveis”, defende a estilista.
Carol defende ainda que a confecção de peças sob medida é, ainda hoje, uma alternativa à compulsão do consumo que se tornou um traço de nossa época. “No slow fashion, a moda passa a ser vivenciada como experiência e criação, e não apenas como consumo. Para quem não reduz o ato de vestir à aquisição de modelagens prêt-a-porter disponíveis no varejo, o ateliê de costura pode descortinar novas possibilidades para a expressão de um estilo particular”, provoca.
O charmoso ateliê de Carol Nogara, localizado no bairro Batel, em Curitiba, é um exemplo de “usina” de reciclagem. Ela cria os modelos e aproveita retalhos de tecidos na confecção de novas peças. A costureira também utiliza acessórios que sobram ou que ganha de clientes nas peças recicladas. Os retalhos de tecidos que sobram ficam guardados por seis meses, caso as clientes queiram mudar algo ou melhorar o que já foi reciclado ou confeccionado. Passado este período os retalhos são dispostos sobre uma mesa e combinados em saquinhos plásticos de acordo com a cor ou o tipo de tecido. E nas mãos de Carol, tornam-se novas peças.
“O conceito de moda sustentável, surge como um contraponto para os impactos da indústria e do consumo desenfreado, e vai além”, pondera a estilista. “Práticas como a reciclagem e a reutilização de matérias, estimulam a criatividade e a expressão do estilo, atributos essenciais para um mundo mais humanizado e sensível”, complementa.
Costuraria C. Nogara
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