Projeto que ensina depiladoras a identificar problemas de saúde é ampliado
Nesta semana, depiladoras que trabalham nos bairros ligados aos distritos sanitários Boqueirão e Cajuru participaram de uma capacitação sobre lesões provocadas por doenças sexualmente transmissíveis (DST) e como ajudar clientes a cuidar da saúde. Também foram orientadas a identificar sinais de violência contra a mulher, além de informações sobre os equipamentos de proteção para o trabalho profissional. O treinamento aconteceu no campus da Universidade Positivo no bairro Hauer.
O “Depiladora Amiga” é uma iniciativa desenvolvida pela médica Andressa Gulin e pela enfermeira Tatiane Herreira Trigueiro, professoras da Universidade Positivo, a partir de uma realidade identificada pela equipe da Unidade de Saúde Augusta, na Cidade Industrial de Curitiba: a baixa procura das mulheres da comunidade por exames. A diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, Nilza Faoro, afirma que desde que foi implantado, há pouco mais de um ano – inicialmente na US Augusta e depois estendido para outras unidades do Distrito Sanitário CIC – já se verificou um aumento significativo na procura por exames ginecológicos e coleta do preventivo de colo de útero. “É muito importante conseguirmos melhorar o monitoramento e os diagnósticos do câncer de colo de útero em Curitiba. Com a ampliação do projeto, a conscientização feminina também vai aumentar em toda a cidade”, comenta.
Tatiane explica que o papel da depiladora, que normalmente tem bastante intimidade com suas clientes, é o de identificar se a região íntima é sadia. Nos casos negativos, a cliente é orientada a buscar atendimento no serviço de saúde. “Graças ao vínculo com suas pacientes, a depiladora tem um grande potencial e pode se tornar uma promotora de saúde”, destaca. A depiladora Maria José dos Santos, que está no ramo há oito anos, relata que são bastante frequentes as dúvidas entre as mulheres, que muitas vezes não sabem diferenciar um pelo encravado de uma espinha ou mesmo uma verruga. “Com este curso, terei mais informação para orientar minhas clientes”, salienta.
Ouzanas Maria Félix, que trabalha como depiladora há 12 anos e atualmente atende em um salão no bairro Uberaba, gostou muito da proposta do curso, por proporcionar mais capacitação para o seu trabalho cotidiano. “A gente costuma ter muita liberdade com as clientes e quando elas vêm com dúvidas sobre infecção ou algum outro problema, eu já recomendo a buscarem a ajuda de um profissional de saúde”, argumenta.
Iniciativa
Em julho de 2015, 12 depiladoras foram convidadas a participar de uma capacitação com informações sobre como identificar, durante depilações íntimas, indícios de infecções ou doenças sexualmente transmissíveis (DST) e convencer as clientes a buscar orientação médica e fazer exames ginecológicos preventivos. Tatiane salienta que a intenção não é de que a depiladora faça um diagnóstico, mas sim que oriente outras mulheres a procurarem a unidade de saúde. Durante 4 horas, as depiladoras são orientadas por médicos e enfermeiros sobre anatomia, lesões em região inguinal, fluxograma em unidades de saúde, técnicas de depilação, informações sanitárias e como encaminhar clientes para atendimento nas unidades.
As próximas etapas da capacitação das depiladoras acontecem no dia 28 de novembro, profissionais dos distritos Santa Felicidade, Boa Vista e Matriz, participarão do curso no campus Osório, da Universidade Positivo, localizado no Centro, e no dia 5 de dezembro, será no auditório do Hospital do Idoso, para as profissionais que atuam nos distritos sanitários Pinheirinho, Tatuquara e Bairro Novo. Interessadas podem buscar informações nas unidades de saúde ou pelo telefone (41) 3350-9335.