Leandro Karnal aborda as organizações por trás dos espelhos em conferência no CONPARH
“O caráter público dos modelos de empresas e sua administração costuma ser um jogo de espelhos. As imagens refletem não o que se são, mas o observador que as contempla. Como desvendar estes modelos e tentar identificar os pressupostos reais que sustentam a administração de pessoas e as contradições inerentes a este jogo? Parte do esforço será trazer à tona não o que se gostaria de ver, mas o que existe de fato atrás dos espelhos. Como lançar uma análise que revele mais do que vale? Este é o desafio ao qual se propôs Leandro Karnal, professor e historiador, em sua conferência “A organização por trás dos espelhos”, no dia 22 de setembro, das 14 horas às 15h30, durante a 14ª edição do Congresso Paranaense de Recursos Humanos - CONPARH, em Curitiba.
Doutor em história social pela USP, professor da Unicamp e autor de diversos livros, Karnal realiza palestra pelo Brasil ensinando sobre vida, história, religião, política, filosofia, ética e comportamento humanos. Seu perfil no facebook atinge mais de 340 mil fãs, e responde a muitos seguidores com bom humor. Ele crê que a interação virtual é positiva para sua vida e carreira. “Encaro como parte de um processo e de uma missão. O humor tem função política: ele dá relatividade e diminui o peso das coisas”. Os seus vídeos no YouTube também são assistidos por milhares de pessoas.
Sobre essa popularidade e expressivo número de seguidores, Karnal ressalta que gosta de sempre passar a ideia de que somos arquitetos do nosso destino e para isto necessitamos muito esforço, senso crítico e equilíbrio pessoal. “Queria defender o combate ao preconceito e o desenvolvimento de uma tolerância ativa que seja construtora de uma sociedade menos violenta e mais harmônica com a diversidade; queria que cada um se considerasse um agente histórico e descartasse explicações mágicas para seu trabalho, sua família e sua consciência”. Esses são seus propósitos, no entanto ele assinala que o que cada um retira do que fala e como compreende o que fala é algo um pouco maior do que o seu desejo. “Parte da palavra me pertence ao sair de mim; parte da palavra pertence ao outro que a escuta e lê”.
Considerado por muitos um guru da atualidade, Karnal admite que a rigor todo guru é um professor. Os gurus ensinam também, como qualquer professor. O que ele não gosta na palavra guru é sua base religiosa e a ideia de que existiria uma aceitação quase servil das palavras por terem sido emitidas por um guru. E descreve que quer ser alguém que provoca perguntas e não certezas e que cada um reinvente meu discurso dentro do seu universo. “Gurus apresentam discípulos e eu quero gente igual a mim e tratando com isonomia minhas ideias. Gurus devem ser seguidos e ele não quer seguidores no sentido estrito da palavra, quer gente autônoma. Gostaria de ser lembrado como alguém que tentou ser um bom professor”, coloca.
Karnal afirma que é difícil avaliar de fato a importância das redes sociais para a disseminação de seu trabalho. “Frases concisas, algum humor, habilidade retórica etc. poderiam ser as explicações técnicas. Acho que as pessoas sentem que acredito naquilo que eu falo e que existe uma sede não apenas por mim, mas por muitas fontes de questões claras e expostas de forma tranqüila”, explica. “Como eu sou o mesmo e dou aula há 33 anos, terem prestado atenção ao que falo pode ser sinal de que a sociedade mudou ou que as redes fizeram o papel de ponte entre minha consciência e as outras consciências”, acredita.
Conferencista - Leandro Karnal é professor, historiador, graduado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e doutor pela Universidade de São Paulo (USP). Leciona há mais de 30 anos, tendo passado por ensino fundamental, médio, escolas públicas e privadas, cursinhos pré-vestibulares, universidades variadas e hoje leciona na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Entre os livros publicados estão “A Detração: breve ensaio sobre o mal dizer”, “Pecar e perdoar: Deus e o homem na história”, “Estados Unidos: a formação da nação”, “Conversas com um jovem professor”, “História na sala de aula”, “As religiões que o mundo esqueceu” e “A Guerra Fria”. Viaja bastante e observa professores e alunos em meios como comunidades indígenas no México, escolas da França, aulas no Norte da Índia, Vietnã e China. Participa de Cafés Filosóficos e programas de televisão.
XIV CONPARH - Com o tema “A empresa que eu quero ter: caminhos a percorrer”, o Congresso é uma realização da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná - ABRH-PR, e acontecerá nos dias 22 e 23 de setembro, em Curitiba. As inscrições abertas podem ser feitas no site www.abrh-pr.org.br/conparh.
Serviço
XIV CONPARH
Data: 22 e 23 de setembro
Local: ExpoUnimed (rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300)
Inscrições: www.abrh-pr.org.br/conparh
Mais informações: (41) 3262-4317