Artista curitibana exibe “Ghost of Brazilian Democracy” na Polônia
Um cubo de base instável que se mantém erguido pelo jogo de forças entre diferentes grupos de fios pretos e brancos. Assim pode ser resumida a instalação “Ghost of Brazilian Democracy”, que a arquiteta e artista visual curitibana Flora Aimbiré expos em Lodz, na Polônia, no Final Show do International Summer Courses da Printmakning and Testile Art (PATA). Única obra brasileira selecionada para a mostra, a obra que denuncia o atual momento político brasileiro dividiu os espaços da Kobro Gallery com outras 17 instalações, a maioria de artistas europeus.
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná, em 2011, e estudante de Artes Visuais, também na UFPR, Flora foi em julho para a Polônia fazer o curso de verão de instalações artísticas da PATA por indicação de uma professora. “Eu sabia que os trabalhos que fossem concluídos e estivessem bem finalizados participariam da exposição final. Por isso, já saí do Brasil com o objetivo de usar a minha arte para denunciar o enfraquecimento da democracia brasileira, com a supressão dos direitos do povo, e o avanço da corrupção”, conta a artista.
A obra “Ghost of Brazilian Democracy” é composta por cinco conjuntos de 20 fios pretos e quatro conjuntos de sete fios brancos, todos com texturas diferentes. Os fios pretos representam a teia da corrupção brasileira e os conjuntos de 20 fios é uma alusão da artista à Proposta de Emenda à Constituição 55, que congelou os gastos sociais do Governo Federal e contra a qual ela protestou nas ruas de Curitiba. Já os fios brancos, em grupos de sete, representam os fundamentos da democracia, como participação popular, sufrágio universal e liberdade de expressão, entre outros.
“A principal característica da minha obra é que esses fios tencionam de vários lados, mas não deixam a estrutura em pé. O cubo que sustenta todo esse emaranhado de forças está fragilizado e instável. Por isso, a obra mostra que a democracia brasileira corre riscos de cair”, alerta Flora.
A artista retornou nesta terça-feira (1) para Curitiba e contou que aprendeu várias técnicas novas que vão ajudar muito nas futuras criações. Mas confessou que seu maior aprendizado foi político. “Aprendi muito com pessoas dos outros países, que também são politicamente ativas e estão tão indignadas com seus países como estamos com o Brasil. O Brasil é um eco do que está acontecendo em vários outros países em razão da ação de governos reacionários e conservadores que estão tirando direitos do povo. Por isso, a arte precisa cada vez mais ser a voz do povo e canal de denúncia”, concluiu.
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