Espetáculo ‘Do Avesso’, de Curitiba, integra segunda fase do Festival Acessibilidança
Montagens premiadas da Região Sul são exibidas em vídeos com audiodescrição e Libras
O espetáculo Do Avesso, do Grupo Nó Movimento em Rede, do Paraná, estreia no Festival Funarte Acessibilidança no dia 21 de julho, quarta-feira, às 20h. A companhia curitibana integra a agenda da segunda fase do evento, agora, com grupos da Região Sul do País. A temporada teve início com as montagens Flamenco Imaginário, da Cia. Del Puerto, do Rio Grande do Sul.
Convite ao Olhar, de Santa Catarina. As sessões em vídeos com audiodescrição e Libras ficam disponíveis para acesso gratuito no canal da Funarte no YouTube (bit.ly/FunarteYouTubeFestivalAcessibiliDanca) logo após o lançamento. Os projetos contemplados nas demais regiões do Brasil serão apresentados até outubro.
O espetáculo de dança contemporânea Do Avesso expõe diferentes discursos de corpos/pessoas que têm ou não algum tipo de deficiência. Criadores e intérpretes da companhia apresentam as percepções “do avesso”, por meio de seus corpos. “A montagem se caracteriza a partir de um olhar sobre o momento presente, abordando as multidimensões de seus corpos expostos pelo lado de dentro, pelo lado contrário, fora do lugar, Do Avesso — em sua potência de subjetividade individual e criação de novas realidades”, ressalta o coletivo.
A obra é composta por quatro atos, nos quais os criadores e os intérpretes apresentam a atualização dos seus trabalhos coreográficos. A remontagem engloba uma nova versão de Edite (2019-2020); Adaptat (2017-2018); Dupla Exposição (2017-2018); e CorpoMundo (2019-2020).
Sobre os atos do espetáculo
O Avesso de Edite é o primeiro ato da montagem. Três mulheres apresentam suas versões do trabalho coreográfico Edite (2019-2020), com solos que recriam o exercício de edição de si mesmas. As artistas propõem ao espectador uma imersão em seus universos oníricos e memórias, em uma relação com o momento presente: “transitam entre nuances imaginativas da investigação dos corpos em relação ao ambiente cênico e compõem escolhas de edição, a partir de estados de corpo predominantes em cada uma delas”. De acordo com o grupo, as “escolhas compositivas” evidenciam “sensações de ilusão” e, entre outras coisas, “extremos de temperatura do corpo em contato com mudanças de iluminação (quente/fria) na cena”.
Dupla Exposição ao Avesso, o segundo ato, apresenta um jogo coreográfico entre dois corpos/pessoas, com e sem deficiência. No elenco, uma dançarina e um fotógrafo estão expostos a algum grau de submissão e subversão às regras do jogo, mostradas em cena, a partir de algumas restrições. A dançarina é desafiada a criar movimentos que incluam a solicitação verbal do momento em que quer ter seu corpo fotografado. O fotógrafo, por sua vez, direciona o olhar por meio da câmera para o que lhe interessa na criação. Porém, ele deve fotografar apenas quando a dançarina solicitar. O resultado de imagens produzidas pela exposição dos dois artistas a essas restrições busca revelar o avesso da tensão entre submissão e subversão, própria de processos criativos.
Avessos no CorpoMundo é o terceiro ato do espetáculo. Apresenta um trabalho artístico sobre pessoas que dialogam, negociam e se movem por meio de perguntas sobre suas fragilidades, dores, fracassos e limites. “Investe em uma ideia de avesso que pode ser sentida no intervalo entre uma pergunta e uma resposta, ou algo que acontece dentro de cada um. Por meio de uma abertura criada, pode trazer uma transformação perceptiva capaz de gerar outro ambiente relacional entre as mesmas pessoas. Em tempo real, são criadas elaborações sobreviventes ao encontro das diferenças dos corpos com e sem deficiência dos criadores/intérpretes, evidenciando como discurso as inquietações que surgem dessa relação”, aponta o coletivo.
Adapt entre Avessos, por sua vez, o quarto e último ato da montagem, parte da ideia de um diálogo entre os dois corpos presentes em cena e, também, de cada corpo com o espaço em questão. A obra propõe uma adaptação de modos de relacionamento com a diversidade, em uma espécie de jogo entre adaptar e adaptar-se na convivência. “Adaptat já esteve em muitos ‘entres’, como pessoas, espaços e configurações. E seu ‘entre Avessos’ é justamente sobre este corpo demandado a adaptar-se ao hoje. Avessos que se multiplicam e se atualizam diariamente em urgência, clamando por um corpo presente”, indicam.
Espetáculos de Porto Alegre e de Florianópolis já estão disponíveis no canal da Funarte
No dia 7 de julho, Flamenco Imaginário, da Cia. Del Puerto, de Porto Alegre (RS), deu início à programação da região. A montagem de dança é livremente inspirada na dramaturgia de O Corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo. As intérpretes trazem à cena um espetáculo lúdico e criativo, com trilha sonora inédita, composta especialmente para a obra, provocando a imaginação e os sentidos. Flamenco Imaginário foi adaptado para o festival com acessibilidade plena e adaptações pensadas para a transmissão em vídeo.
Já a Cia. de Dança Lápis de Seda, de Florianópolis (SC), exibiu Convite ao Olhar no último dia 14. O grupo é formado por 10 bailarinos, entre eles pessoas com deficiências física e/ou intelectual, e é resultado da pesquisa de mais de 20 anos da diretora e coreógrafa Ana Luiza Ciscato. Cada integrante é parte do processo criativo e contribui para a composição dos trabalhos e temáticas. O espetáculo apresentado no Festival Funarte Acessibilidança parte de elementos do cotidiano dos bailarinos e de como cada indivíduo reage a diferentes situações, abordando a importância da singularidade humana com leveza e bom-humor.
O Festival Funarte Acessibilidança
O Festival Funarte Acessibilidança, em estreia na instituição, foi criado a partir das ações do Prêmio Festival Funarte Acessibilidança Virtual 2020. No concurso público, foram premiados 25 projetos de vídeos de espetáculos, que promovem o acesso de todas as pessoas à arte.
Com a iniciativa, a Funarte busca realizar novas ações a partir do uso das mais recentes tecnologias, estendendo, desse modo, um novo modelo para todo o Brasil. Assim, a Fundação reforça seu compromisso de promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país; e de atuar para que a população possa cada vez mais usufruir das manifestações artísticas. Criada em 1975, a Funarte segue, portanto, empenhada em acompanhar as transformações no cenário artístico e social.
O coordenador de Dança da entidade, Fabiano Carneiro, destaca a importância de se levar essa linguagem artística à população, durante o período de distanciamento social. “Estamos estreando o Festival Funarte Acessibilidança, um projeto inédito com foco na acessibilidade e na inclusão. Ao longo dos próximos meses, serão apresentados espetáculos de dança das cinco regiões do Brasil, plenamente acessíveis ao público, contemplando uma enorme diversidade na sua programação”, explica o coordenador.
O festival foi lançado no dia 16 de junho, com o espetáculo Lua de Mel, da Cia. Lamira Artes Cênicas (Tocantins). Na semana seguinte, foi exibido Maculelê: Reconstruindo o Quilombo, do Grupo de Dança Reconstruindo o Quilombo (Rondônia). Solatium encerrou a programação de companhias da Região Norte. A fase atual apresenta as montagens premiadas da Região Sul. Os projetos contemplados nas demais regiões do País serão exibidos em seguida, até outubro, por meio do canal da Funarte no YouTube (bit.ly/FunarteYouTubeFestivalAcessibiliDanca).
No decorrer das apresentações, o coordenador de Dança da Fundação, Fabiano Carneiro, participará de uma “live” com diretores e artistas de dança, além de convidados.
Festival Funarte Acessibilidança
Acesso gratuito, no canal: bit.ly/FunarteYouTubeFestivalAcessibiliDanca
Com audiodescrição e Libras
Região Sul: encerramento da segunda fase do Festival
Dia 21 de julho, às 20h
Espetáculo Do Avesso, do Grupo Nó Movimento em Rede (Paraná)
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