Exposição “Ser ou Não Ser?” reúne obras de Tony Reis e Victor Zanotto no Café Bathé
O nome sugestivo remete à obra "Hamlet", de William Shakespeare, em uma cena na qual o príncipe da Dinamarca contracena com um crânio, questionando sobre o despertar da consciência e as verdades que, muitas vezes, nos esquivamos de enxergar ou aceitar.
Desde cenas do cotidiano até momentos de introspecção, os trabalhos de Victor Zanotto e Tony Reis dialogam sobre os princípios e caminhos da vida. "Ao unirmos os dois artistas nesta mostra, procuramos fazer um link, um diálogo entre estas visões da arte e do mundo, e propor um questionamento que desperte novos olhares", explica Márcia Aracheski, curadora da exposição. "A arte tem o poder de questionar, de fazer pensar a respeito da vida. E é isso que se propõe na exposição. Por um lado o trabalho do Tony, com o símbolo da caveira, faz lembrar o texto de Hamlet e, por outro, o Zanotto retrata personagens que vão além da crítica social, no sentido de questionar “quem” as pessoas poderiam ter sido se tivessem outras oportunidades".
Os crânios de Tony Reis evocam a vida, como ele explica. Nas sete obras expostas nesta mostra, cores fortes, variados materiais e diferentes interpretações permeiam seu trabalho. De papel picado a limalha de ferro, de parafusos de ouro a corais naturais, estes trabalhos representam mudança, vida, movimento. "O crânio está inserido no arquétipo de todas as pessoas, a igualdade e o diferencial de cada um", comenta o artista. "Os crânios das pessoas são iguais, mas cada um se mostra de maneira diferente". Esta relação fica clara com as muitas figuras construídas por Reis, que há seis anos explora esta fonte de inspiração.
Zanotto apresenta um olhar sobre personagens do cotidiano em seus trabalhos, seja em caneta esferográfica, tinta acrílica ou aquarela. "Sempre quis apresentar meu dia a dia para as pessoas", afirma. Com um olhar atento, o artista repara nos detalhes, nas pessoas, sejam elas próximas ou que tenham cruzado seu caminho rapidamente. Tudo o que o olhar captar, acaba ganhando vida em suas obras, desde crianças de rua até retratos de pessoas que admira. Zanotto também é tatuador. Nesta sua primeira exposição, apresenta um trabalho muito diferente de suas artes corporais, revelando um outro olhar artístico.
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