Alexandre Nero vem a Curitiba para apresentar espetáculo imersivo na Ópera de Arame
Um novo espetáculo projetado para acontecer na Ópera de Arame, em Curitiba, promete ser a primeira experiência imersiva do Brasil: a Ópera das Cores. Com idealização da Montenegro Produções, o projeto é baseado em experiências de um laboratório realizado com mais de 100 crianças que resultou em vídeos e em inspiração sonora para uma orquestra que apresentara clássicos da música brasileira e que ainda conta com a apresentação do multiartista Alexandre Nero.
"Voltar a Curitiba sempre é emocionante! E voltar para um projeto lindo como esse, praticando o meu ofício, atuando e cantando, vai além das expectativas", diz Nero. Além disso, o ator comemora o fato de poder trabalhar novamente com pessoas que fazem parte da sua formação. "Reencontrar pessoas que participaram da minha influência e que fizeram parte de toda a minha construção como pessoa e como artista, na formação desse espetáculo, me deixa honrado", completa.
A Ópera das Cores é uma formação de diversas frentes. Primeiro, num laboratório artístico feito com cerca de 100 crianças atípicas e neurotípicas, imagens foram captadas para inspirarem a criação de Alexandre Orion, artista conhecido por intervenções urbanas e responsável por transformar os registros em arte e posteriormente em mapping para projeções.
Orion conta que seu processo foi bastante experimental. "Criei experiências que são novas até para mim, mas já posso adiantar que o espetáculo apresentará um resultado imersivo, onde os espectadores vão se sentir parte da obra”, diz. "Durante dias, nós captamos crianças interagindo com areia colorida, tinta, luzes de neon, papéis e toda essa brincadeira foi usada como inspiração", completa.
Foi também através das captações do laboratório com as crianças, que Gilson Fukushima, diretor musical do projeto, formou uma orquestra com mais de 20 músicos, regida pelo maestro Alexandre Brasolim e que vai executar releituras de compositores como Baden Powell, Vinícius de Moraes, Pixinguinha, Milton Nascimento, Geraldo Vandré, Chiquinha Gonzaga e Belchior.
"Além da escolha minuciosa na formação da orquestra, optamos pela música popular brasileira pois ela dialoga em sons e arranjos com os trabalhos das crianças", afirma Fukushima.
Inclusão
A inclusão das 40 horas de oficinas foi o ponto de partida do trabalho que busca pensar a cultura para pessoas que nem sempre têm acesso a ela. Boa parte das crianças envolvidas no projeto são autistas e pela primeira vez puderam participar da concepção de um projeto artístico.
"As oficinas, além de promoverem o potencial das crianças, favorecem muito a expansão da criatividade", analisa Jocian Machado Bueno, diretora e coordenadora técnica da Água&Vida, espaço onde aconteceram os laboratórios. "Elas também descobrem suas possibilidades como crianças que pensam e fazem a partir da sua imaginação. É um espaço onde elas têm liberdade de expressão”, completa.