Em Busca do Boteco Perfeito...
Através de meu tio e padrinho, o jornalista, publicitário e boêmio, Ewaldo Schleder Filho, tive a oportunidade e a honra de conhecer ilustres figuras da boemia curitibana.
Uma delas, Dante Mendonça relata em seu livro “BOTECÁRIO”, várias histórias sobre a instituição “Boteco”.
Abaixo, uma delas, sobre o Jaguar e a busca pelo boteco perfeito...
Fundador da Banda de Ipanema e do jornal O Pasquim e também autor do livro Confesso que Bebi – Memórias de um Amnésico Alcoólico, onde serve de bandeja um roteiro dos melhores botequins do Rio de Janeiro, o cartunista Jaguar tem uma definição pessoal de botequim:
“Um bom botequim tem que ter principalmente um bom dono. Se o dono é chato já azeda. Tem que ter um garçon que te compreenda. Um garçon é quase como um caso que você tem com uma mulher. Só que é muito mais difícil achar um bom garçon do que uma boa mulher! ”
“Gosto do garçon automático. Aqueles que não preciso pedir, eles já sabem o que eu quero. Primeiro tomo um Steinheger, depois uns cinco chopes, depois uísque, depois tomo um cafezinho e um Underberg, entendeu? Então, os frequentadores têm que ser profissionais também. Tem que ser um bar frequentado por gente do ramo. Amadores são chatos, com dois ou três chopes ficam de porre e começam a brigar, reclamam da conta. Porque faz parte: os bons garçons roubam você – e você sabe que ele está te roubando. Daí deixa ele roubar porque senão interrompe o processo. O amador também fala alto, pede para sentar na sua mesa...”
“No meu livro tem um manual do Tom Jobim contra os chatos. Ele ensina que primeiro você que ficar numa mesa central, não encostada na parede porque o cara pode te acuar e você tá ferrado. Você tem que usar óculos escuros, porque o chato exige atenção pupilar e se ele pega você pelo olho acabou-se. O chato te cutuca e eu detesto que me toquem, entendeu? Fora os perdigotos que ele joga em cima de você, porque ele começa a falar alto e cospe pra todo lado. ”
“Também tem que ter um mínimo de limpeza no banheiro, mas não precisa muita, não. Por exemplo, um dos melhores bares do Rio é o Bar Brasil: tem chope fantástico, o melhor garçon do Rio, o Chico, que é um garçon automático. Mas o banheiro é um desastre”.
Jaguar conta uma ótima história do Bar Bofetada: “O cara ficava ligando várias vezes de madrugada para o dono do bar, perguntando a que horas ele ia abrir. Ligou insistentemente, várias vezes. Até que o dono do bar se aporrinhou e disse: Mas o senhor é um alcoólatra. Não pode esperar amanhecer? Aí o cara respondeu: É que eu sentei no vaso uma hora aí e dormi. Quando acordei tava trancado aqui no bar, sozinho. Então to aqui bebendo desde aquela hora e queria saber a que horas vou poder sair. Ora, o cara tava ligando para poder ir embora”.
Como esse, inúmeros causos divertidos são relatados neste compêndio. Imaginem quantas horas de escrita e leitura.
O livro não é novo, mas para quem ainda não conhece, fica a dica de leitura, repleta de histórias de botecos, e muito bom humor.
Bem, por hoje é isso, e para não esquecer, naqueles botecos que tiverem a possibilidade, façam como eu, peçam NO BALCÃO SEM FRESCURA....
#fui
Botecário – Dante Mendonça