A Casa da Uda
Na provinciana Curitiba de ontem também tinha a famosa casa da Uda uma senhora gentil e distinta que alugava quartos para moças prendadas que nunca tinham frequentado o Colégio Sion, mas tinham um comportamento exemplar. Não tinha festa, nem música e muito menos bailinho, pois era um ambiente respeitoso frequentado inclusive por padres da paróquia, autoridades e pais de família. Quando muito era servida uma bebida chamada “Cuba” de baixíssimo teor alcoólico. As moças na medida em que concluíam seus estudos superiores deixavam a casa e eram substituídas por outras, vindo do interior e também de fora do estado. Muitas delas saiam casadas do local, todas realizadas e felizes. Com o passar dos anos e a chegada do progresso, com mil inovações e licenciosidade social, a casa da Uda acabou ficando vulgar e num lugar incerto e não sabido. Uma pergunta ficou no ar : será que a Uda morreu ? No seu lugar ficou a filha ou a neta ? A casa continua em pé? Tantas perguntas em busca de respostas que chegou nos ouvidos do Tucides, meu amigo e um estudioso da história de Curitiba como o Eduardo Fenianos “O
Urbenauta”, e por isto ele passou a pesquisar onde fica a casa da Uda.
Olhou o mapa de Curitiba e não conseguiu vislumbrar absolutamente nada, nem a zona e muito menos a casa, por isto procurou um ilustre professor, habitue também do “Quatro Cantos”, hoje um octagenário aposentado, que de mau humor, porque o Athletico empatou no último domingo, disse-lhe:
- A casa da Uda? Você quer saber onde ela fica?
- Sim, professor. - respondeu o Tucides.
- Ela fica na casa do chapéu!!!
E assim foi o fim do papo. O Tucides ficou pensando: “e onde fica a casa do chapéu?” E o leitor sabe? Mas já deve ter ouvido esta expressão dita por alguém, não é mesmo? A bem da verdade essa frase no sentido mais completo é a seguinte:
- O local que você procura é longe, muito longe, lá na casa do Chapéu ?!
Entendeu, agora? Pois é, daí o impasse porque ninguém sabe onde fica a casa do chapéu. E nem a casa da Uda que segundo o professor fica onde o chapéu possa ser encontrado. Uma confusão e tanto, não é mesmo? Chega de charada pois vou explicar o porquê desta minha crônica: eu queria testar minha criatividade e escrever sobre o dito popular “lá na casa do chapéu”. E acho que consegui. Quanto a casa da Uda foi uma invenção da minha própria mente para chegar na casa do chapéu. A casa em referência nunca existiu em Curitiba, mas se alguém quiser desmentir, que atire a primeira pedra…
“A criatividade permite um grande jogo de palavras e invenções de lugares e gentes inexistentes. No caso é tudo fruto da imaginação do autor, qualquer semelhança com a realidade, com certeza é mera coincidência.”