Não Precisava ser Assim

Vi uma imagem muito triste postada no WhatsApp com o Sérgio Moro chegando num Centro de Eventos de uma capital do nordeste, com meia dúzia de gatos pingados para recepciona-lo e ouvi-lo sobre seu projeto de governo. 

E caminhando quase de seu lado um indivíduo dizendo impropérios e chamando-o de traidor.

Sinceramente ? Não precisava ter sido assim. O Moro está pagando pelo seu noviciado político e falta de humildade quando optou em querer ser o Presidente da República.

Claro que errou bem antes quando deixou a Magistratura Federal para ser Ministro da Justiça e se lançar numa aventura desconhecida e incerta, achando que estava dando o pulo do gato para chegar mais cedo no STF. E se deu mal. Pois se tornou vulnerável e um pássaro fora do ninho. Não teve jogo de cintura e foi rifado. Saiu do governo chutando o balde e cuspindo no prato que comeu. E isto não foi nada bom para sua biografia de homem publico. 

Foi refazer sua vida no exterior e poderia ter ficado lá por mais tempo e pensar melhor sobre o que fazer no futuro : advogar com brilho ou disputar cargo eletivo. No entanto em curto espaço de tempo e seduzido pela proposta dos três Senadores do Paraná foi mordido pela mosca azul e entrou de cabeça numa disputa camicaze. 

Com o cenário político há muito tempo polarizado entre o Bolsonaro e o Luiz Ignácio pretender ser uma terceira via sem ser conhecido além das fronteiras do Paraná e carregando o peso da hostilidade dos dois grupos a pretensão não decolou. 

E mais : com o abalo pessoal que lhe impôs o STF quando anulou todas as suas decisões de mérito no caso do Lava Jato, ficou no descrédito e maus lençóis perante a opinião pública. E resgatar todo o prestígio e badalação que teve quando da condução dos processos seria impossível, pois a mídia tinha mudado o enfoque e de  preferências. Sérgio Moro não era mais matéria que importasse os leitores. E sua campanha até aqui tem sido pífia sem grandes adesões e falta de palanques. E nem começou a largada da propaganda e da campanha propriamente dita. 

Escrevo estas linhas com certa amargura porque gosto do Moro e sei que seus erros nos processos devem ser debitados à sua falta de vivência e cuidado mas nunca porque tenha agido com parcialidade e intenção de querer prejudicar os réus. Agiu pensando que estava certo e empolgou-se pelas luzes dos refletores. 

O STF anulou os processos usando e abusando de sofismas e apego em filigranas processuais. Mas o pior está acontecendo e as chances de alcançar a vitória estão fora de cogitações. E agora ? E agora ainda resta ao Sérgio Moro reverter esta situação que lhe é totalmente desfavorável, porém deve calçar a sandália da humildade e rever a decisão precipitada que tomou. 

Achou que seria facilmente a terceira via e deu com o burro n’agua. Voltar atrás em política é melhor do que persistir no erro e perder a eleição. Pois candidato que perde nas urnas também perde prestígio. Ademais é apenas detentor de uma pré-candidatura ainda não sacramentada pela convenção de seu partido, portanto um recuo estratégico e mudança de rumo será benvindo. 

Concorrer à deputado estadual será vitória certa porque tem prestígio dentro dos limites do estado. E uma vez eleito articular a Presidência da Assembleia Legislativa e abrir um caminho para concorrer à sucessão do Ratinho . Nada difícil para quem é inteligente. E o futuro político dali para a frente só o tempo dirá. 

Mas se continuar batendo cabeça e sendo conduzido pelas mãos dos três Senadores ultrapassados  no tempo e sem prestígio, terá uma carreira política curta e decepcionante…

“O Moro ainda tem condições  de reverter a situação desfavorável em que se encontra. Basta mudar o enfoque de sua pretensão. Prestígio não lhe falta. Basta vestir as sandálias da humildade.”

Édson Vidal Pinto