O Probo e a Política
No patamar do universo político partidário tem o alto e o baixo clero sendo que no primeiro estão o Presidente da República, os Senadores e os Deputados Federais; e no segundo pela ordem : os Governadores, Deputados Estaduais, Prefeitos e Vereadores. Claro que aí estão atendidos os graus de importância de cada eleito no contexto de suas reais responsabilidades constitucionais, pelo menos no papel oficial. Sabemos que na prática muitos não valem nem o que comem. Não vamos esmiuçar este tema por ser verdade sabida : pois todo eleitor sabe muito bem o caráter e a biografia de seus candidatos e muitos continuam votando no pior por interesse pessoal ou preferência ideológica.
Causa única e verdadeira da mesmice pública brasileira. Com as eleições majoritárias deste ano surgiu no cenário nacional uma figura controvertida é ímpar tentando conquistar o maior cargo do alto clero, invenção de três Senadores do Paraná que protegendo um deles que vai concorrer à reeleição para continuar inerte no Senado, lançaram o nome de Sério Moro às feras. E ninguém duvida da probidade do ex-Juiz que foi eleito pela imprensa como o magistrado mais honesto da história da República, ele e o Luiz Ignácio só que este se auto-proclamou como tal e sem o reconhecimento de ninguém.
Não vou criticar o Sérgio por ter se engambelado com o canto das (3) sereias e caído na esparrela de concorrer à presidência pois a opção está feita, mas mostrar como seria melhor se tivesse escolhido qualquer outro cargo bem mais plausível de sucesso. Por quê ? Porque não teria de responder perguntas indigestas quando inquirido publicamente em sua campanha. Ademais para quem nunca militou na política e vai disputar um cargo de máxima responsabilidade como o de presidente de um país deve saber na ponta da língua de tudo um pouco, de economia , história, estatística, planejamento publico, organização do Estado, investimento, relações internacionais e respostas de “pegadinhas” adredemente preparadas pelos adversários no momento de debater pela TV.
O malandro da política usa de manhas, sofismas e artifícios para responder as perguntas sem precisar pensar inclusive inventar dados estatísticos que brotam na mente para impressionar os incautos e fazer juras de amor pelo Brasil. Já o neófito que é honesto fica ruborizado e sente que falta o chão para lhe dar sustentação. Tem mais vontade de fugir do que mentir. E este é um alto preço a pagar e que poderia ser evitado.
Exemplo : se o Luiz Ignácio pudesse sair de cara limpa pelas ruas e todos sabendo de sua pretensão em retomar o poder ao lado de sua famigerada quadrilha ninguém lhe perguntaria nada sobre o Fundo Partidário, por ser um escroque reconhecido internacionalmente.
Mas o Sérgio Moro por ser tido e havido como um cidadão honesto não pode fugir de uma pergunta como esta. O fato aconteceu dias atrás no auditório da Associação Comercial do Paraná quando o nominado candidato estava acompanhado de seus três Criadores e fazia sua apresentação para os empresários, quando de repente alguém lhe perguntou :
- Candidato, como o senhor encara a imoralidade do Fundo Partidário e como vai ser sua campanha ? Vai refutar ou aderir para custear sua campanha ?
O questionamento desmoronou a peroração até então feita e o final tão esperado ficou muito a desejar. É difícil para quem prima por uma vida profissional em combater desmandos e corrupção responder uma simples pergunta tão fácil - em outro cenário - de ser respondida. E no transcorrer da campanha para valer o pior ainda estará por vir quando a foice, o martelo e a bigorna forem as ferramentas usadas para destruir os adversários. Mas como a vida é feita de opções cada um se mete onde quiser e no tabuleiro da política ou o honesto deixa cair a máscara ou leva tiro no pé …
“A vida de candidato honesto não é fácil e cada dia em que o pleito se aproxima a biografia de vida é mais tripudiada pelos oponente. Principalmente quando o cargo pretendido é o maior do alto clero, quando até mentira passa ser verdade.”
Édson Vidal Pinto