Troco Fiat Por Lada
Tem ocasiões que gente tem que tomar medidas drásticas e necessárias para transpor incômodos do cotidiano.
Eu amo meu Fiat-147, cor laranja, com motor que tem o som de uma Ferrari , porte de uma Mercedes conversível e interior ricamente revestido de chenile amarela e com limpa pára-brisa, que é a cereja do bolo, importado diretamente da Coreia do Norte. Um veículo dos sonhos e para motoristas de bom gosto. No entanto estou me obrigando a trocar por outro veículo similar e explico o porquê. No último sábado fiz uma viagem de bate e volta entre Curitiba e Paranaguá para visitar minha família e pela primeira vez meu carro teve sérias dificuldades para se desvencilhar de um caminhão, carregado com container, que ficou na minha “cola” em todo o trecho sinuoso da descida da Serra do Mar.
Um monstrengo de porte avantajado que corria mais que patinete elétrico e insistia em querer ultrapassar e não conseguia mesmo aproveitando-se do vácuo deixado pelo meu carro. Seria um ultraje que uma jamanta carregada pudesse deixar para trás na descida serra um Fiat 147 como o meu, um veículo como poucos. Porém se o brutamontes não conseguia ultrapassar notei pela primeira vez que eu não conseguia com o meu possante carro me distanciar por mais que eu acelerasse a “máquina” e assim permanecemos quase grudados até chegar em Paranaguá.
Foi uma viagem inesquecível porque o motorista do caminhão com certeza ficou frustrado e convencido de que jamais deve querer “podar” um carro com mil e um recursos de tecnologia. Mas fiquei com a pulga atrás da orelha do porquê não ter conseguido me desvencilhar do caminhão e quando retornei à capital levei meu veículo na concessionária para o devido diagnóstico. Que não foi nada bom. Será preciso retificar o motor que está perdendo a potência e queimando muito óleo. Não discuti com o mecânico porque há meses tenho notado pelo espelho retrovisor que toda vez que saio com meu carro tem uma nuvem escura que não dissipa e anuncia chuva; no entanto quando olho pelo vidro da frente enxergo um dia ensolarado.
Dei crédito ao funcionário da oficina. Sou cuidadoso pois já retifiquei o motor mais de quinze vezes e por isto estou resolvido, mesmo com dor no coração, trocar de carro e de marca. Ouvi o colega de um amigo meu falar muito bem do Lada, um carro de luxo de fabricação russa, que faz muito sucesso nas estepes e que ainda roda pelas estradas do nosso país. Ele disse que o carro é uma raridade e tão bom quanto um Fiat 147. Meu amigo me disse que esse seu amigo é petista de carteirinha mas entende muito de automóvel pois foi mecânico antes de ingressar no MST.
Não gosto dessa gente mas não tenho o porquê de duvidar de um ex-mecânico. É por isto que resolvi permutar meu Fiat por um Lada porque não quero jamais deixar o conforto e eficiência de um carro por qualquer outro bonitinho mas ordinário. E por quê não vender meu Fiat 147 ? Porque para ter outro carro com igual similitude é necessário ter em mãos um trunfo para um bom negócio. Portanto se algum leitor souber de quem tenha um Lada e queira permutar de “mano” com o meu e que só precisa retificar o motor, por favor me avise ou deixe recado. Não aceito Chevrolet, Honda, Volkswagen, Corola, Kia e nem qualquer carro importado porquê se não eu trocaria por uma carroça (lembrei do Collor) que seria bem mais vantajosa e útil. Carro para mim tem que ser carro com “ce” maiúsculo, viril, forte que enfrente qualquer estrada e caminhão com “tara” ou sem “tara”. É preciso negociar o quanto antes para não me arrepender e desistir.
Putz, foi só lembrar do arrependimento que decidi num rompante ficar com meu Fiat 147, para não chorar amanhã um amor perdido …
“Trocar um carro que é uma jóia igual ao meu Fiat 147, laranjado, por qualquer outro importado ou não, pode gerar trauma ou suicídio.
Pois o arrependimento amarga a alma e não tem retorno. Por isso que panela velha é que faz comida boa.”
Édson Vidal Pinto