Uma Viagem do Peru
Não, por favor, que ninguém confunda uma viagem do peru, com uma viagem ao Peru. E vou explicar o porquê. Eu e minha mulher resolvemos passar nossos aniversários em Porto de Galinhas - Pernambuco, é claro que só chegaríamos aqui de avião. Pois a pé, de bicicleta, carro, ônibus e navio é muito longe e cansativo. E cansar fisicamente não faz meu estilo de vida. Por isso optei pela viagem aérea, mais rápida, limpa, confortável e confiável. Qual a Companhia? Latam, Azul e Gol que disputam um espaço aéreo difícil até de imaginar. E pimba, resolvi viajar pela Gol. Custo das passagens sabidamente elevado. E ainda pagar o transporte das malas é um roubo explícito. Cada passageiro pode despachar uma mala de 23 kg. e levar outra, de mão, de 10 kg. É um exercício de mágica colocar as roupas e acessórios distribuídos em duas malas, para quem vai ficar fora por quinze pernoites. Enfim, não adianta discutir, porque a rapidez para viajar de Curitiba para Recife, com uma “baldeação” em Guarulhos (SP), compensa todas as dificuldades. E viva a Gol! O voo saiu no horário do bilhete (11:45) tempo mais do que suficiente para a conexão (13:45) em Guarulhos. A Gol é fantástica!! O avião aterrizou em São Paulo às 12:30, tudo bem? Não, nem um pouco, pois entramos numa fila de aeronaves para só chegarmos no “finger” (para desembarque) às 13:20 minutos. E para sairmos do avião até o saguão do aeroporto levou uns 15 minutos, olhei para o meu relógio estava marcando 13:35, estávamos com fome, pois no primeiro trecho da viagem só serviram água e nada mais. Ah, Gol miserável e sovina, por não ter servido ao menos um pacote de bolacha com a água. Olhei para o painel do aeroporto e o voo Gol de São Paulo/Recife dizia “última chamada”. Só um probleminha: estávamos em um lado do aeroporto e o embarque para a conexão era do outro lado; quem conhece bem o tamanho da “garé” sabe o que isto significa. Nós corremos, corremos, tropeçamos nas nossas malas, e com uma fome daquelas, e depois desta maratona, suados, exaustos, conseguimos embarcar. O avião saiu às 14:00 horas, para uma viagem de três horas, sem escala. Pensei: com certeza neste trecho a Gol vai compensar o primeiro trecho e vai servir uma pequena refeição de dar água na boca. Na verdade era eu que estava com água na boca. E passou 1 hora de viagem e nada dos “garçons” servirem o tal pratinho com quitutes. Comecei a odiar a Gol, mas ainda com esperança que dentro de alguns minutos a comida seria servida. 30 minutos depois, apareceram o “garçom” e a “garçonete” com sorriso nos lábios, empurrando aquele carrinho, de latão, com bebidas de todos os tipos na parte de cima. Não sei como pude pensar mal da Gol, a tua, a minha, a nossa amada Companhia aérea. E como nós dois estávamos sentados nas poltronas da segunda fila, o blindado chegou rapidamente. Quem nos serviu foi o gentil “garçom”, que nem perguntou qual o prato de nossa preferência, pois simplesmente esticou o braço e nos serviu um mini pacotinho de batata doce que parecia plástico retorcido. E com a maior cara de pau, perguntou:
-O senhor deseja beber alguma coisa?
-Se não fizer falta, um copo de Coca-Cola tradicional.- respondi.
E assim comi a batata de plástico com a Coca, que só serviu para atiçar ainda mais a minha fome. Ate o fim da viagem eu já estava de mau com a Gol, não podia mais nem ver a bola que é o logotipo da empresa, afixada não módulo dianteiro da poltrona da frente. A chegada no Guararapes foi as 17:10, tudo rigorosamente dentro do horário. Levei 40 minutos esperando as malas aparecerem na passarela rotativa que tem em todos os aeroportos. Serviu para esquecer da Gol, mas não da minha fome. Saímos do setor de desembarque e lá estava o motorista nos aguardando para fazer o traslado do aeroporto até o “Nannai Resort”, cujo trajeto eu conhecia bem, e pelos meus cálculos não levaria mais de 1 hora. Enganei a fome enquanto pude, entrei no automóvel e relaxei. Putz, enfrentamos um congestionamento nunca visto, segundo o motorista. Chegamos no Nannai às 19:30 horas! Uma viagem do peru. Interminável, e eu com uma fome de leão. Entramos no hall do resort e antes do check-in pedimos licença para a atendente e corremos até o restaurante. Nem vou elencar a variedade de pratos que estavam sendo servidos, mas com humildade e traído pela pressa de comer, me servi de lagosta e só assim consegui aplacar minha fome e esquecer da miserável da Gol…
“Viagem aérea de longa duração e dentro do Brasil, é uma maratona e para quem gosta de se alimentar bem, ela também oferece um jejum de faquir. Que sovinice das empresas aéreas que cobram passagens elevando os preços nas nuvens; reduzem o despacho de bagagens; e se recusam a dar de comer seus passageiros. Até quando?
Édson Vidal Pinto