Zequinha e o Tucides
E tudo por ser domingo, dia de jogar as preocupações para o alto e depois rebatê-las com um chute certeiro para elas cairem bem longe, nada melhor do que escrever um tema para não pensar muito,
a fim de não estragar o dia. Por isto vou registrar um encontro casual que eu tive na semana que passou com o habilidoso desenhista Nilson Müller, quando do lançamento do livro “Mobilidade” de meu filho Luiz Gustavo, no saguão do Museu Metropolitano do Portão. Dentre inúmeras pessoas presentes, também estavam renomados artistas como Danilo Caymmi, pintores, e escritores, além do famoso Zequinha, digo, o Nilson Müller, que desde 1.979 foi convidado para recriar o famoso personagem que, em 1.928, chegou enrolado pela primeira vez nas balas que levavam o nome “Bala Zequinha”, figura colecionável em álbum e que desde logo se tornou símbolo preferido de várias gerações de piás curitibanos. Quem não colecionou as figuras do Zequinha e nem jogou “bafo” com as mesmas, na saída da escola com os colegas de sala, com certeza pode até achar, mas nunca morou em Curitiba. Cada figura retratava o Zequinha nas cenas do cotidiano: “Zequinha Padeiro”, “Zequinha Tomando Banho”; “Zequinha Dentista”; “Zequinha Professor”; “Zequinha Pescador”, e “Zequinha no Carnaval”, sendo ao todo cem diferentes estampas que eram coladas no álbum, guardadas soltas no bolso da calça curta, e para os colecionadores mais prendados, que faziam com quatro pequenos quadrados de papelão uma espécie de “carteira”, confeccionada num emaranhado de elásticos colados nas bordas, para manter as figurinhas guardadas sem amassar. Era uma engenharia difícil de fazer e descrever. Como referido, em 1.979 o Governo do Estado, com intuito de alavancar a cobrança do ICMS elaborou uma campanha da Secretaria de Estado da Fazendo tendo o Zequinha como figura símbolo, por isto convidou o talentoso Nilson Müller para dar “vida” ao personagem. Este aproveitou a figura original e com retoques pessoais fez uma ótima operação plástica para modelar o novo Zequinha, dentro dos padrões fisionômicos da atualidade. E o sucesso se repetiu. Aquele nosso encontro foi um momento especial porque enquanto conversávamos apareceu o Tucides, com o livro do meu filho embaixo do braço, tentando encontrar uma brecha para também entrar na conversa.
Contudo eu estava eufórico por estar conversando com o Zequinha e queria saber um pouco mais da sua arte de desenhista, e enquanto ele contava sua trajetória criadora, não damos chance para o Tucides entrar na conversa, por isto ele permaneceu do nosso lado, sem perder um só minuto do que falávamos. Porém não demorou muito e o Tucides, para chamar nossa atenção, pigarreou em alto e bom som, foi quando percebi que meu amigo queria ser apresentado:
-Oh, não vi você chegar meu amigo (pausa), seu Zequinha, quero lhe apresentar o Tucides, um amigo muito especial…
-Muito prazer. - respondeu Nilson Müller.
-Igualmente, “seo” Zequinha,
sempre quis conhecê-lo, o senhor é o meu herói, um verdadeiro “Bicho do Paraná”…
-Obrigado, Tucides.
-Não, não senhor, obrigado não, eu quero saber se por acaso o senhor não desenha para mim uma figurinha que falta para preencher o meu álbum…
-?
Vi que o Zequinha ficou meio sem graça, por isto resolvi intervir:
-Qual figurinha Tucides?
-A famosa figurinha “Zequinha Papai Noel” a mais difícil de encontrar!!!
Foi quando vi Nilson Müller dar uma gostosa gargalhada e depois responder:
-Não fique chateado comigo, pois a partir do próximo domingo (hoje) será lançado o novo álbum do Zequinha, na Praça Garibaldi, na banca localizada atrás do “Cavalo Babão”…
-E a figurinha? - quis saber o Tucides.
-Lá você vai encontrar outros colecionadores e com certeza poderá achar (para trocar) a quela que está faltando no seu álbum…
“E assim foi o encontro histórico entre o Zequinha e o meu amigo Tucides, este um personagem ímpar que faz das minhas crônicas um “plus” indispensável. Para quem nunca colecionou o “Zequinha” poderá, a partir de hoje, comprar os pacotinhos com figurinhas, que serão vendidas nas principais bancas existentes nas ruas e praças de Curitiba.”