Paciente de Curitiba recebe nova técnica de procedimento cardíaco inédito no Sul
“Não consigo imaginar que foi uma cirurgia cardíaca”, revela a paciente Sandra Nezgoda, 56 anos, dona de casa e moradora de Ponta Grossa. Há oito anos ela teve problema na válvula aórtica e passou por uma operação com abertura do tórax. Segundo Sandra, se o procedimento de agora, para tratar estenose da válvula mitral, fosse com a mesma técnica do anterior, teria que pensar muito antes de decidir. “Da outra vez, fiquei 19 dias na UTI, não tem comparação entre a cirurgia aberta e esta. No segundo dia já fiz as refeições sozinha”, comemora.
A cirurgia pela qual Sandra passou, foi o primeiro implante transcateter de válvula mitral artificial realizado na região Sul e faz parte do objetivo do Hospital VITA de se transformar em uma instituição de saúde referência em tratamento minimamente invasivo de válvulas cardíacas e aneurisma. “Já fazíamos essa técnica para prótese de válvula aórtica e agora passamos a oferecer aos pacientes esta nova opção de procedimento”, revela o cirurgião cardiovascular e diretor clínico do hospital, Dr. Luiz Fernando Kubrusly.
O médico explica que o coração tem quatro válvulas, estas servem para manter o fluxo sempre na mesma direção, o sangue não pode voltar. Duas válvulas são operadas com muita frequência, a aórtica e a mitral, ambas com cirurgia aberta. São procedimentos que resultam em cortes grandes, nos quais o tórax é aberto e há a necessidade de parada do coração, mediante o uso de uma máquina de circulação artificial.
Ao utilizar a nova técnica, a prótese de válvula mitral é realizada sem abrir o tórax, com implante de cateter. Uma prótese especial é comprimida dentro de um pequeno tubo denominado, o cateter, e posicionado no coração. Em seguida o médico especialista libera a válvula em sua posição correta. Dr. Kubrusly explica que a válvula artificial vem corrugada, toda encolhida, como se fosse um guarda-chuva fechado, quando é posicionada no local correto abre-se a válvula e ela se fixa.
O procedimento é menor que a cirurgia minimamente invasiva (incisão pequena). Nele é feita uma punção embaixo da mama, no tamanho de dois a três dedos, que entre dois ou três meses torna-se imperceptível. “Não há afastamento de tórax e necessidade de colocação de aparelhos, por isso podemos dizer que trata-se de uma cirurgia menor que aquela minimamente invasiva”, detalha.
A intervenção dura em média 45 minutos, enquanto que a cirurgia tradicional leva de três a quatro horas para ser realizada. Além da recuperação ser mais rápida, com um dia de UTI e alta no terceiro dia de internação, o período pós operatório também é mais rápido, no entanto varia de acordo com o paciente. “A pessoa retorna às atividades diárias na medida em que sente que melhor”, conta Kubrusly.
A paciente conta que antes do procedimento tinha pneumonia constantemente, falta de ar, pulmão com líquido e não podia subir escadas, era bem complicado, principalmente porque mora em uma casa de dois andares. “Agora não tenho falta de ar, durmo bem, já estou dirigindo e retornei às atividades domésticas e do cotidiano”, celebra Sandra.
O cirurgião cardiovascular relata que 25% dos pacientes que são hospitalizados, com idade superior a 70 anos, têm doença na válvula mitral. “Um método de tratamento que não seja muito invasivo só irá beneficiar esse grupo, pois têm a saúde mais frágil. É um passo inicial de uma grande revolução no tratamento da válvula mitral, tratar sem abrir o tórax”, conclui Kubrusly.